Extrema direita

Governo Milei reprime protestos contra arrocho na Argentina durante votação da Lei de Bases

Gás lacrimogêneo foi utilizado contra a população que protesta desde a manhã desta quarta e deputados da oposição

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Manifestantes protestam em frente ao Congresso argentino, que debate a proposta de Lei de Bases - TOMAS CUESTA / AFP

Em mais um dia de protestos contra o arrocho ultraliberal na Argentina nesta quarta-feira (12), o governo de extrema direita de Javier Milei colocou em ação as medidas de repressão previstas no protocolo de segurança da ministra Patricia Bullrich contra os manifestantes. 

Gás lacrimogêneo foi utilizado contra a população que protestava desde a manhã na Praça do Congresso, durante votação no Senado o projeto conhecido como Lei de Bases, pacote de medidas ultraliberais que Milei tenta aprovar desde o início de seu mandato.


Manifestantes protestam em frente ao Congresso argentino, que debate a proposta de Lei de Bases / Luis ROBAYO / AFP

Entre os feridos estão cinco deputados do partido de esquerda União Pela Pátria (UxP), que estavam no protesto. O deputado Carlos Castagneto foi um dos mais afetados e teve de ser levado para a enfermaria da Câmara dos Deputados. Depois, junto com outros quatro colegas de partido, foi levado para o hospital Santa Lucía.

Militantes kirchneristas, integrantes da Confederação Geral do Trabalho (CGT), líderes de esquerda e organizações sociais, engrossam o protesto pela rejeição ao projeto da Lei de Bases.  

O secretário adjunto dos caminhoneiros e integrante da coordenação da CGT, Pablo Moyano, fez um apelo aos senadores para que rejeitem a Lei de Bases. "Esperemos que a consciência dos senadores, que vêm com os votos dos trabalhadores, defenda os direitos dos trabalhadores". O sindicalista denunciou o governo de Javier Milei por "pressionar" os governadores por meio da concessão de obras públicas "para obter o voto de que precisam".

Carla Gaudensi, secretária geral da Federação Argentina dos Trabalhadores de Imprensa (Fatpren na sigla em espanhol) fez um apelo aos senadores e senadoras para que "não entreguem a pátria, não privatizem as empresas do Estado, porque são fundamentais para garantir nossa soberania". 

"Vamos estar aqui nas ruas para mostrar que o povo argentino não pode permitir que essa Lei de Bases prospere porque é em detrimento de todos e todas nós."

Lei de Bases

O governo conseguiu o quórum para debater a Lei de Bases no Senado, em sessão que teve início às 10h com 37 senadores. No esforço para conseguir a aprovação, o Executivo anunciou algumas mudanças: a empresa Aerolíneas, os Correios e a Rede de Televisão Argentina (RTA), veículo de comunicação pública, foram retirados da lista de privatizações propostas no projeto.  

Na tarde desta quarta, o governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof se manifestou contra a Lei de Bases, que classificou como um perda da soberania, do patrimônio e da possibilidade de que as e os bonaerenses [nascidos na  região metropolitana e na Provínicia de Buenos Aires] "possam construir um futuro melhor."

"Não há um só artigo no projeto que está sendo debatido no Congresso que beneficie nosso povo, a produção ou a indústria. Ademais, pretende dar superpoderes ao governo para aprofundar suas políticas de ajuste e destruição", postou Kicillof em seu perfil na rede social X, antigo Twitter.

Edição: Leandro Melito