O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, renunciou ao cargo nesta terça-feira (7) horas após a polícia do país realizar uma operação de busca e apreensão em diversos locais, incluindo a casa do chefe de governo. Autoridades portuguesas investigam irregularidades em contratos de exploração de lítio e hidrogênio verde.
Apesar de ter negado qualquer “prática ilícita ou censurável”, o primeiro-ministro apresentou sua demissão ao presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, que já aceitou o pedido.
Segundo o jornal Diário de Notícias, Rebelo convocou uma reunião do Conselho de Estado para a próxima quinta-feira (9). O encontro deve terminar com a convocação de novas eleições no país e o anúncio de uma data para esse pleito.
:: Governo de Israel apresenta plano para controlar Gaza por tempo indefinido ::
Costa disse que a saída do cargo se deu porque a continuidade na liderança do país seria incompatível com a “diginidade das funções de primeiro-ministro”, já que, segundo ele, “não é compatível com qualquer suspeição da sua boa conduta e menos ainda com a suspeita de qualquer ato criminial”.
“Estava totalmente disposto a dedicar-me com toda a energia a cumprir o mandato até o fim desta legislatura. [...] Encerro esta etapa com a consciência tranquila”, disse.
Em seu pronunciamento, Costa avisou que não será candidato: “não me vou recandidatar ao cargo de primeiro-ministro. É uma etapa da vida que se encerrou”, afirmou.
Governo Costa
A queda de António Costa acontece poucos dias antes de ele completar oito anos no cargo. Líder do Partido Socialista, ele assumiu o poder em Portugal no dia 26 de novembro de 2015, graças a uma aliança chamada pela imprensa local de “geringonça”, na qual o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista Português apoiaram sua investidura como primeiro-ministro, mas não ocupavam cargos no governo.
:: Rússia critica declaração israelense sobre armas nucleares e reitera apelo por cessar-fogo em Gaza ::
Em outubro de 2019, ele foi reeleito para o cargo após o Partido Socialista conquistar a maioria absoluta do parlamento português, sem precisar se aliar a outros setores de esquerda.
Caso de corrupção
Segundo o Ministério Público de Portugal, a operação de busca e apreensão realizada nesta terça-feira diz respeito a uma investigação sobre possíveis crimes relacionados a um projeto de exploração de lítio e hidrogênio verde no país, incluindo corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e tráfico de influência.
:: Marcha por Palestina livre em Washington foi a maior da história: 'EUA financiam genocídio' ::
Os contratos que estão sob suspeita envolvem as concessões de exploração de lítio das minas de Romano e Covas do Barroso, ambas relacionadas a um projeto de produção de energia desenvolvido na Zona Industrial e Logística de Sines, pela empresa Start Campus.
O órgão também teria apontado outros suspeitos, incluindo o ministro de Infraestrutura, João Galamba, e o presidente do Conselho de Administração da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta.