Há um mês, no dia 7 de outubro, o grupo palestino Hamas cometeu um ataque sem precedentes a Israel. O grupo burlou o sistema de segurança na fronteira com a Faixa de Gaza e causou assassinatos (cerca de 1.400) e sequestros (cerca de 240). Desde então, Israel tem atacado Gaza de forma inclemente, numa ofensiva aérea e terrestre responsável por um rastro de mortes, destruição, deslocamentos forçados e sofrimento provocado pelos ataques e pelo bloqueio a itens básicos para a sobrevivência humana. As fatalidades já se contam na casa das 10 mil, das quais ao menos 4 mil são crianças. Somadas, crianças, mulheres e idosos representam cerca de 70% das vítimas*.
No último domingo (5), líderes de diversas agências da ONU e outras organizações humanitárias divulgaram um comunicado conjunto em que chamam de “ultraje” as mortes de civis em Gaza e exigem cessar-fogo imediato, além da entrada de mais ajuda humanitária e combustível em Gaza. Tal manifestação se soma a outras tantas do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, que tem constantemente apontado excessos por parte de Israel.
A ONU sediou discussões acaloradas sobre o tema, mas sem efeito até o momento. No Conselho de Segurança, que esteve sob presidência temporária brasileira durante boa parte deste primeiro mês de guerra, o Brasil tentou encontrar algum tipo de consenso sobre ajuda humanitária, mas o apoio dos Estados Unidos a Israel vetou qualquer resolução nesse sentido, sob o argumento de que o país, uma vez que foi agredido, teria o direito de contra-atacar até atingir seu objetivo declarado, que seria destruir o Hamas. Enquanto isso, os EUA conseguem retirar seus cidadãos de Gaza, mas o Brasil, não.
O presidente dos EUA, Joe Biden, declarou apoio a Israel dias após o ataque do Hamas, sem dar muita relevância às mortes de civis do lado palestino. Porém, com o passar do tempo, a ofensiva israelense causou danos que provocaram perplexidade, principalmente quando foram bombardeados hospitais e campos de refugiados, quando se teve notícia de que Israel impedia a entrada de água, combustível e outros itens de necessidade básica, por não ficar claro como isso poderia ajudar a combater o Hamas. No último fim de semana, pouco antes de se completar um mês de guerra, o secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, visitou a região com um discurso diferente, que buscou dar pesos iguais ao direito de Israel atacar seu inimigo e à necessidade de poupar civis inocentes.
A posição de Biden de apoio incondicional a Israel provocou a maior manifestação de apoio à Palestina da história dos EUA na capital do país, Washington. Cerca de 300 mil pessoas marcharam no sábado (14) em direção à Casa Branca em protesto contra o massacre Israelense. "Criminoso de guerra e terrorista", "Biden mata bebês" e "mais de 10 mil massacrados por Israel", foram slogans exibidos em algumas faixas durante a manifestação. “Crianças estão morrendo e os Estados Unidos estão financiando um genocídio. Nós só queremos protestar, dar voz às pessoas”, disse ao Brasil de Fato o manifestante Zanin.
Noves fora os discursos e as constantes recalibragens na forma como os países se posicionam sobre o conflito, o que se viu no último final de semana é um agravamento da situação. Mais campos de refugiados foram bombardeados, uma ambulância foi alvejada, ataques aéreos contra o norte de Gaza foram intensificados, além de um novo blecaute no fornecimento de sinal de internet e telefonia — foram três neste primeiro mês de guerra.
Além das mortes, calcula-se em 2 mil a quantidade de desaparecidos, provavelmente sob escombros de edifícios destruídos, sendo que 1.250 devem ser crianças, segundo a UNRWA, agência da ONU para refugiados palestinos. Em média, uma criança é morta e duas são feridas a cada dez minutos. No caso dos ferimentos, um agravante é a falta de condições para tratamento de vítimas, uma vez que o sistema de saúde em Gaza colapsou por falta de combustível, remédios e equipamentos, sem falar nos danos estruturais aos próprios hospitais e à malha rodoviária, o que torna o transporte praticamente impossível.
“Não há lugar seguro em parte alguma. Nem hospitais, nem campos de refugiados, escolas, nada”, afirmou a mãe de família Abeer Athammeh, de 50 anos, moradora do campo de refugiados Maghazi, bombardeado no último sábado (4), num ataque que deixou ao menos 40 mortos e 35 feridos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. “Para onde querem que a gente vá? Não temos para onde ir”.
Estima-se que cerca de 800 mil pessoas tenham fugido para o sul desde o dia 12 de outubro, quando Israel deu um ultimato para que 1,1 milhão de palestinos deixem o norte de Gaza. A área compreende a Cidade de Gaza, a maior da faixa homônima e que está cercada pelas forças israelenses em sua operação terrestre. Muitos civis, porém, permanecem no norte. As Forças de Defesa de Israel anunciaram nesta segunda-feira (6) a abertura de um novo corredor para que a população saia da região norte da Faixa de Gaza em direção ao sul, durante três horas.
A retaliação de Israel tem provocado muitos debates em torno de conceitos como genocídio e crimes de guerra, já que existem tratados internacionais que determinam o que é legítimo ou não fazer uma vez que um conflito está em curso. Algumas das atitudes mais duvidosas de Israel nesse sentido são as mortes de civis, incluindo muitas crianças e mulheres, e também o cerco a Gaza para impedir a chegada de itens essenciais como água, alimentos e combustíveis, que prejudicam a população como um todo e, em particular, o atendimento hospitalar. Israel alega que tais medidas são necessárias para combater o Hamas, uma vez que o grupo usaria civis como escudos humanos, por meio de táticas como esconder armas e túneis subterrâneos sob prédios residenciais.
Para tentar entender um pouco mais sobre a lógica desse conflito e sobre o que pode estar por vir, o Brasil de Fato ouviu dois especialistas: Fernando Brancoli, professor de Relações Internacionais na UFRJ, e José Arbex Jr., professor de jornalismo na PUC-SP, ambos especialistas em Oriente Médio. A seguir, um resumo das principais impressões deles, dividido por temas.
Relação entre Palestina e Israel
Brancoli: Estamos presenciando a manifestação de uma falência das relações que se arrasta há décadas. Existem três causas: o crescimento exacerbado do conservadorismo em Israel, a divisão dos grupos palestinos e o desinteresse do sistema internacional. As responsabilidades são divididas, mas não são proporcionais. O Hamas se aproveita das disputas geopolíticas para tentar ganhar poder e tem papel importante como administrador de Gaza, mas Israel é o maior responsável. Sem falar na comunidade internacional.
Os Emirados retomaram relações com Israel com um cálculo cínico de que seria uma forma de, posteriormente, obter o reconhecimento do Estado palestino pelos israelenses. Mas o que está em jogo, de fato, é obter mais apoio militar americano e interesse econômico. O Catar, que tem uma relação histórica com grupos palestinos financiou o Hamas durante muito tempo com intuito de se constituir como aliado dos palestinos, mas sem fazer cálculo político do que isso financiaria, de quais relações o grupo teria com outras potências. Desestabilizou a região e não ajudou a população de Gaza. Tem também a Arábia Saudita com um cálculo geopolítico tacanho, baseado na promessa de que teria até um programa nuclear financiado pelos EUA. O Irã usa grupos palestinos como forma de articular uma pressão junto a rivais regionais. Me parece que instrumentaliza essa relação muito mais do que faz qualquer cálculo sobre o bem-estar da população palestina. Sem falar nos Estados Unidos, que tentava articular ali um corredor econômico que fizesse frente à nova rota da seda chinesa.
Arbex: Nos últimos 75 anos, tivemos segregação, apartheid, que acabou desembocando no que ocorreu no dia 7. Me lembro que na Assembleia Geral da ONU, o Benjamin Netanyahu fez uma intervenção em que mostrou um mapa sobre como ele vê o Oriente Médio, e nesse mapa não consta a Palestina. Portanto, a ideia de eliminar os palestinos é anterior ao dia 7. Não é uma resposta ao ataque do Hamas, é um plano gestado há muito tempo e de longa duração. E o mais interessante vem agora: que futuro esse plano prevê para o novo Oriente Médio? Um corredor de comércio, troca de bens, serviços, cortado por oleodutos e gaodutos, que sai da Índia, passa pelos estados árabes do Golfo, pela Palestina, por Israel e desemboca na Europa. Me parece que se trata da resposta imperialista à nova rota da seda da China, que também propôs a unificação da Eurásia numa grande rota de troca de bens e mercadorias.
Os próximos 30 dias
Brancoli: Apesar do pano de fundo constante, chegamos agora a uma nova fase, com o ataque do Hamas e uma contraofensiva brutal. Estamos vendo a ignorância por qualquer dispositivo humanitário, com sinalização dos EUA de que os israelenses não serão contidos. Pela primeira vez, vemos de maneira explícita declarações muito complicadas do que fazer com os palestinos. Vemos ministros descrevendo palestinos como animais, dizendo que Gaza deve ser transformada em terra de ninguém, que não há inocentes em Gaza. Esse discurso aparece desde 1948 (ano da criação do Estado de Israel), mas agora tem uma escala que nunca tínhamos visto. As previsões a curto e médio prazo são as piores possíveis, por causa da ausência de mediadores, dessa espécie de carta branca de EUA e União Europeia para Israel fazer o que quiser, da divisão entre os palestinos e de agendas muito distintas, erráticas dos atores regionais, sem coordenação mínima. A Jordânia chamou seu embaixador de volta, o que é um gesto simbólico. Bolívia e outros países sul-americanos tiveram atitudes mais fortes, o que é curioso.
Arbex: Se Israel prosseguir com esse projeto de limpeza étnica, acho inevitável uma regionalização do conflito, porque os povos árabes não vão tolerar isso. Não falo dos governos, mas dos povos. Na Jordânia, o povão está na rua direto, sem pausa, exigindo que a monarquia rompa relações com Israel. A Jordânia convocou seu embaixador porque a situação está ficando insustentável para a monarquia. Na Turquia, estão exigindo que o (primeiro-ministro Recip) Erdogan faça a mesma coisa e ele chamou Israel de Estado criminoso.
Também há manifestações em toda a Europa, na Grã-Bretanha e até dentro dos EUA. A situação está chegando ao limite do ponto de vista da opinião pública mundial. Inclusive do ponto de vista dos judeus, onde há vozes muito fortes que condenam o que está acontecendo.
O Netanyahu é inescrupuloso o suficiente para esticar a guerra para se manter no poder, porque sabe que seus dias estão contados. Mas a dimensão mais importante é a seguinte: quando começarem a chegar cadáveres envoltos em sacos plásticos em Israel, a coisa vai para o desespero. Vi um depoimento muito lógico, dado por um judeu israelense que apoia o Netanyahu, de que toda vida em Israel é ancorada sobre a certeza de que Israel é uma fortaleza intransponível, à prova dos ataques dos árabes. Isso acabou em 7 de outubro. Não existe hoje um judeu israelense que se sinta seguro dentro de Israel. Se essa confiança não for restaurada, Israel acabou.
Essa confiança só pode ser reconstituída se a resistência palestina for massacrada. Então, ou eles conseguem eliminar a Palestina do mapa ou vão ter que parar e renegociar muito seriamente a existência deles ao lado de uma Palestina sem apartheid, numa condição totalmente nova. Eu acho que vai acontecer, porque os EUA estão num pesadelo completo. Uma ofensiva por terra de Israel, para ser mantida por médio ou longo prazo, implica numa logística imensa para combustível, alimentos, defesa contra ataques palestinos, armamentos... E não dá. Os EUA não podem entrar em duas frentes de guerra ao mesmo tempo.
Motivações do Hamas
Brancoli: É dificíl imaginar um objetivo só. A ação é condenável, mas é explicável. Primeiro: queriam o retorno da causa palestina para a agenda global, uma causa que andava esquecida; segundo: encerrar ou atrasar as relações entre Arábia Saudita e Israel; terceiro: consolidar-se como governo dentro de Gaza. O Hamas não conta com unanimidade, então acaba ganhando autoridade e algum tipo de relevância. Vamos ter que ver o que acontece nos próximos meses, mas tem chance de o Hamas ter que reformatar toda a sua governança, porque o contra-ataque tem sido forte e o tiro (do Hamas) pode ter saído pela culatra.
Arbex: Se Israel assinasse o acordo com Arábia Saudita, acabava a Palestina. Em primeiro lugar, porque é o país mais importante da comunidade islâmica mundial, guardiã de Meca e Medina, então se dá legitimidade para Israel, a capacidade para os palestinos denunciar o apartheid que sofrem seria praticamente jogada no lixo. Em segundo, Israel receberia um fortalecimento econômico imenso. Portanto, essa operação (do Hamas) era urgente. E conseguiram seu objetivo, porque como a dinastia Saud (que governa a Arábia Saudita) poderia aceitar o que Israel está fazendo na Faixa de Gaza?
Motivações de Israel
Brancoli: O governo israelense, ao que tudo indica, quer impulsionar a expulsão de palestinos, eliminar o Hamas. Minha aposta é que vão usar essa prática de deslocamentos forçados para expandir os assentamentos (israelenses nos territórios palestinos). Porque assim vai fagocitando aquele ponto (que foi deixado desabitado). Desde a década de 70, debate-se o que fazer com os palestinos. Uma das ideias está num documento vazado, que foi confirmado pela Human Rights Watch, de elaborar um pacote econômico para o Egito receber esses 2 milhões de palestinos no deserto do Sinai. O Egito não vai aceitar nunca, mas se formos rastrear algum grau de possibilidade, a causa palestina é sensível para a população egípcia.
Arbex: O Netanyahu não tem mais perspectiva (de se manter no poder), mas está apegado a isso. Ele não estava desafiando o establishment para fazer a reforma do Judiciário (que lhe daria mais poder para decidir sobre questões de segurança)? Não estava desafiando passeatas de 500 mil pessoas? Ele faz tudo para se perpetuar, não tem limites. Os judeus também são vítimas dele, porque cresce o antissemitismo a nível mundial. Não só está levando Israel para o abismo, como os judeus do mundo todo.
Se abstrairmos de toda a barbaridade que está acontecendo, o Hamas não foi atingido ainda. Está com suas forças intactas. O Hezbollah não entrou na guerra ainda, está trocando carícias com Israel. Acho que estão esperando para ver o que vai acontecer no avanço por terra, se Israel vai bancar o que disse que vai fazer, para começarem a colocar em movimento as forças que eles têm. E aí começa a matança de militares israelenses. Com um efeito colateral grave que é o crescimento enorme do antissemitismo no mundo inteiro. Não podemos confundir judeu com sionista nem apoiar qualquer atitude antissemita.
Mesmo com toda a guerra de informação, com dados deturpados, todos os indícios são de que não houve envolvimento de membros do Hamas na luta até o momento. Os túneis do Hamas são uma estrutura extremamente sofisticada, cavados a 20 metros de profundidade, à prova de água e da entrada de gás, com uma rede própria de comunicação não detectável pela CIA nem pelo serviço secreto de Israel. A ausência de baixas do Hamas indica que essa estrutura está funcionando.
Eles vão escolher o momento em que vão entrar na briga, e isso torna ainda mais delicado o ponto de vista israelense. Se a limpeza étnica prosseguir, o sionismo não vai parar na Faixa de Gaza. Então, o mundo islâmico não terá opção, vai ter que reagir mesmo que não queira. Aí a tendência é regionalizar (o conflito) e podemos ir para um confronto mundial. Porque vai afetar o preço do petróleo, o que afeta os interesses chineses... e aí está mexendo com as grandes potências.
Posicionamento da China e da Rússia
Brancoli: Está havendo uma recalibragem da China, que tem menos espaços de manobra, porque atua historicamente na região mais do ponto de vista comercial. Mas (sua presença) vem crescendo, seja pela nova rota da seda, seja por interesses militares, tanto que costurou o acordo entre Arábia Saudita e Irã.
A Rússia tem muita relação com a região, tem presença militar, como a base na Síria. Mas com a guerra na Ucrânia, acabou perdendo poder e prestígio porque desmobilizou suas tropas (no Oriente Médio). A Rússia tem relações com os judeus. (Vladimir) Putin e Netanyahu têm relação antiga. A Rússia fez declarações fortes no Conselho de Segurança da ONU, mas do ponto de vista prático, tem pouco a fazer.
(sobre a guerra na Ucrânia) A Rússia tem o tempo ao seu lado, imaginando que teremos eleição nos EUA no ano que vem e que há uma divergência se vale a pena despejar bilhões de dólares na Ucrânia (para a guerra contra a Rússia). A cada semana que não há notícia de vitória ucraniana (em alguma batalha), é bom para a Rússia, sim. Se o Trump vence no ano que vem, não tem mais guerra. Ele já mandou avisar que suspende no dia seguinte o apoio à Ucrânia. Mesmo que esteja sendo fanfarrão e não consiga fazer isso na hora, qualquer redução do apoio já muda o cenário.
Arbex: Para a Rússia, (o conflito) está sendo altamente estratégico. Enquanto a energia dos EUA estiverem focadas em Israel, o Biden não pode ajudar a Ucrânia. Para China também, porque a disputa com Taiwan fica suspensa. As grandes potências foram beneficiadas pelo que está acontecendo. Porém, para a nova rota da seda funcionar, o Oriente Médio precisa estar estável. O canal de Suez, o estreito de Ormuz precisam estar funcionando.
Posicionamento brasileiro
Brancoli: Tem sido muito elogiado pela ideia de tentar atuar como mediador. A tentativa de resolução mais próxima de ser aprovada foi a brasileira, mas é um conflito que transborda por razões domésticas no Brasil. É curioso que o Lula precisa se equilibrar entre dimensões internas, onde figuras como (os pastores Silas) Malafaia e (Marcos) Feliciano têm em Israel um marco importante.
Arbex: Lamentável. Não consigo entender a lógica do Lula. Por muito menos, quando teve episódio fascista na Espanha (contra o jogador de futebol Vini Jr.), ele chamou a embaixadora da Espanha para dar satisfações. Até agora, não chamou o embaixador israelense. O Lula, desde que me conheço por gente, sempre foi apoiador da causa palestina, que está inscrita no DNA do PT. Não tenho dúvida que o Lula continue apoiando a causa palestina, até porque ele sentiu na pele o que é não ter acesso à terra, por ser um retirante nordestino, o que aumenta a minha estranheza.
* A não ser quando a fonte da informação estiver especificada de outra forma, sobre vítimas do lado palestino, os dados são do Ministério da Saúde de Gaza, órgão controlado pelo Hamas; sobre vítimas do lado israelense, os dados são do governo e das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês).
Edição: Leandro Melito