Quatro partidos pró-europeus da Romênia anunciaram acordo nesta segunda-feira (23) para manter a extrema direita fora do governo e escolheram um candidato comum para a próxima eleição presidencial. A nova coalizão governamental escolheu Crin Antonescu para concorrer na próxima eleição presidencial.
O ex-presidente do partido liberal, de 65 anos, ficou em terceiro lugar na eleição presidencial de 2009.
Marcel Ciolacu, líder do partido governista Social Democrata, foi renomeado primeiro-ministro nesta segunda pelo presidente liberal Klaus Iohannis, que deu seu apoio à nova coalizão. Ciolacu admitiu que liderar o país “não seria fácil” após o caos eleitoral, com os partidos de extrema direita obtendo um terço sem precedentes das cédulas nas eleições parlamentares realizadas em 1º de dezembro. “Nosso dever, acima de tudo, é defender os valores democráticos e dentro da Otan”, afirmou.
O acordo de coalizão une os social-democratas (PSD), o maior partido após a pesquisa, com 22%, com os liberais do PNL, a minoria húngara UDMR e um grupo parlamentar que representa outras minorias.
Mas eles têm um duro desafio pela frente nas pesquisas presidenciais, com a extrema direita capitalizando o descontentamento com a inflação no país e os temores sobre a guerra na Ucrânia, que compartilha uma longa fronteira com a Romênia. O bloco nacionalista de extrema direita triplicou sua pontuação em relação à última eleição parlamentar em 2020, chegando a 32%, liderado pela AUR com 18%.
Crise eleitoral
O país está em crise desde que as eleições presidenciais foram canceladas no início do mês - uma medida extremamente incomum na Europa - depois que o candidato de extrema direita Calin Georgescu obteve uma vitória surpreendente no primeiro turno em meio a alegações de interferência russa.
O possível caminho de Georgescu para a presidência foi barrado pelo tribunal constitucional em 6 de dezembro, quando este decidiu que o primeiro turno da votação havia sido “prejudicado por múltiplas irregularidades e violações da legislação eleitoral”.
O até então pouco conhecido Georgescu está contestando a anulação nos tribunais, acusando as autoridades de “um golpe de Estado formalizado”. Com 60 anos, o ex-funcionário de alto escalão e antigo admirador do presidente russo Vladimir Putin, negou que estivesse ligado a Moscou, mas recentemente se apresentou como “ultra pró-Trump”.
Documentos de inteligência desclassificados pelo gabinete do presidente da Romênia, membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da União Europeia (UE), que faz fronteira com a Ucrânia, listaram ataques cibernéticos, “ações híbridas russas agressivas” e promoção maciça de Georgescu nas mídias sociais no período que antecedeu a votação.
O porta-voz da AUR, Dan Tanasa, criticou o novo governo de coalizão como um “simulacro de democracia”, dizendo que todos os procedimentos eleitorais foram forçados a colocar em prática “um governo ilegítimo”.
*Com AFP
Edição: Leandro Melito