Único dos três réus acusados de tentar explodir uma bomba em um caminhão perto do aeroporto de Brasília em 24 de dezembro que ainda está foragido, o bolsonarista Wellington Macedo, que se apresenta como "influenciador", disse que não vai se entregar à polícia. Ex-assessor da hoje senadora Damares Alves (Republicanos), ex-ministra do governo Bolsonaro, ele chegou a ser preso e liberado mediante uso de tornozeleira eletrônica, mas a rompeu em dezembro de 2022.
Em entrevista exclusiva ao jornal Folha de S. Paulo, Macedo afirmou que está escondido em uma fazenda que pertence a outro bolsonarista, a quem teria conhecido no acampamento golpista montado junto ao quartel-general do Exército em Brasília após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais de 2022.
Segundo investigações da Polícia Civil do Distrito Federal, foi ele quem dirigiu o carro que transportou explosivos do acampamento até a região do aeroporto da capital federal. À Folha, Macedo disse que é inocente e que não sabia que o veículo carregava o artefato.
Durante o governo Bolsonaro, ele teve salário de R$ 10.373 trabalhando no Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, chefiado por Damares. Macedo ocupou o cargo entre os meses de fevereiro e dezembro de 2019. Em 2021, tinha sido preso por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) sob acusação de incentivar atos antidemocráticos de 7 de Setembro daquele ano. Após 42 dias, foi liberado e vinha sendo monitorado por tornozeleira eletrônica.
Os outros dois bolsonaristas acusados de participação na tentativa de explodir a bomba junto ao aeroporto de Brasília, George Washington de Oliveira e Alan Diego dos Santos e Sousa, estão presos.
Alckmin defende manutenção do GSI
Em meio à crise após a demissão do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias, o vice-presidente da República Geraldo Alckmin (PSB) defendeu a manutenção do status de ministério do Gabinete. Há pessoas de dentro do governo que defendem mudanças profundas.
"Nós não devemos acabar com o órgão porque houve erro. O que precisa é apurar e haver responsabilização", disse, o vice-presidente, que também ocupa o cargo de ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, em entrevista registrada pela Folha.
A coletiva foi realizada após participação da cerimônia de abertura da 22ª Marcha dos Legislativos Municipais, na terça-feira (25), em Brasília, Alckmin, que estava na condição de presidente em exercício, disse que aguardaria a volta de Lula, que estava em viagem à Europa, para debater o tema.
Desde a saída de Gonçalves Dias, que é militar reformado, o GSI está sob a chefia interina de Ricardo Cappelli, que atuou também como interventor na chefia da segurança do Distrito Federal logo após os ataques do dia 8 de janeiro.
Militar que deu água a golpistas no Palácio Planalto disse ter tentado "se infiltrar"
O major do Exército José Eduardo Natale de Paula Pereira, que foi identificado como o militar que deu água a golpistas que invadiram o Palácio do Planalto no último dia 8 de janeiro, disse à Polícia Federal (PF) que estava "se infiltrar" para conter maiores danos ao prédio.
O site Poder360, que teve acesso à íntegra do depoimento do major e de outros oito integrantes do GSI que atuaram no Planalto durante a invasão, afirmou que Pereira disse ter atuado sozinho, sem apoio de outros agentes, por cerca de uma hora no dia da invasão.
Segundo os registros, Pereira foi escalado como coordenador de segurança das instalações do Planalto no dia 6, antevéspera do quebra-quebra promovido pelos bolsonaristas nos prédios da Praça dos Três Poderes, em Brasília. Ele afirmou, no depoimento, que entrou em contato com seus superiores para pedir reforços e atualizar a situação.
O major disse ainda, segundo o Poder360, que deu água aos golpistas por exigência dos invasores, e que ele tentava acalmar os bolsonaristas e evitar mais depredação. Os depoimentos dele e dos outros militares foram coletados no último domingo (23). Todos os depoentes afirmaram que não tinham consciência da gravidade da situação até que sa depredações começaram.
Janones é condenado a indenizar Nikolas Ferreira após postagem e diz que vai recorrer
O deputado federal André Janones (Avante-MG) foi condenado pela Justiça Federal em Minas Gerais a pagar uma indenização de R$ 5 mil ao também deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) por postagens nas redes sociais. Janones afirmou que vai recorrer da decisão.
Na postagem, divulgada durante a campanha de ambos à Câmara em 2022, Janones usou o termo "um vereador pedófilo". Ferreira, na época, era vereador da capital mineira, Belo Horizonte. Janones argumentou que não citou nomes na publicação, mas a alegação foi negada pelo juiz que avalia o caso, que afirmou que não havia dúvidas de que foi feita referência a Ferreira.
Janones e Ferreira tiveram um embate direto nas últimas eleições, quando fizeram parte das "tropas de choque" de Lula (no caso de Janones) e Bolsonaro (Ferreira) na busca pelos votos dos eleitores - não apenas os mineiros - nas redes sociais.
Ouvido pela Folha, Janones disse que vai recorrer, e repetiu o mesmo argumento: que não citou ninguém na postagem. Ferreira também disse que vai recorrer, em busca de indenização maior e retratação pública do adversário.
Edição: Rodrigo Durão Coelho