O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é esperado pela Polícia Federal (PF) para novo depoimento nesta quarta-feira (26), na sede da corporação, em Brasília. Desta vez, Bolsonaro vai ser interrogado sobre os atos golpistas de 8 de janeiro.
O depoimento foi solicitado pelo Supremo Tribunal Federal a pedido da Procuradoria-Geral da República. O ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito no Supremo, confirmou a convocação após a confirmação do retorno de Bolsonaro ao país, no último dia 30. A PGR considerou que ele teria incitado os atos.
O pedido de depoimento foi motivado, principalmente, por postagem feita por Bolsonaro no último dia 10 de janeiro, dois dias após a barbárie promovida por seus apoiadores na Praça dos Três Poderes. Na ocasião, o ex-presidente voltou a fazer críticas sem fundamento ao processo eleitoral.
"No caso dos autos, a oitiva de Jair Messias Bolsonaro, nos termos indicados pelo Ministério Público, é medida indispensável ao completo esclarecimento dos fatos investigados", destacou Moraes no despacho que determinou o agendamento do depoimento.
Esta é a segunda vez que Bolsonaro vai visitar a PF para prestar esclarecimentos após deixar a presidência. O primeiro depoimento aconteceu no último dia 5 de abril, quando ele foi falar sobre o caso das joias sauditas.
As imagens de 8 de janeiro, que circularam por todo o mundo, geraram consequências relevantes no cenário político, como o afastamento temporário do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha; a prisão do então secretário distrital de Segurança Pública, Anderson Torres; e a intervenção federal na segurança no DF, encerrada em 31 de janeiro.
De lá para cá, as investigações avançaram. Centenas de pessoas acusadas de financiamento ou envolvimento direto nos atos foram presas, em diversas partes do país. Além disso, documentos mostraram falhas na segurança e leniência de militares.
Desde os primeiros instantes, o bolsonarismo mostrou estar confuso sobre como agir em relação à quebradeira de 8 de janeiro. Entre parlamentares e aliados próximos do agora ex-presidente, houve aqueles que se manifestaram nas redes sociais apoiando as "manifestações", mas depois tiveram de recuar. Outros, porém, tentaram se esquivar desde os primeiros momentos.
Mesmo com as fartas evidências de que os principais envolvidos nos ataques (como financiadores ou executores) são apoiadores de Bolsonaro ou pessoas ligadas a ele, os parlamentares ligados ao ex-presidente adotaram uma narrativa paralela, reforçada pelo vídeo divulgado na última quarta-feira (19) pela CNN Brasil.
Apesar da confirmação da criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre os atos antidemocráticos, as investigações no âmbito da Justiça prosseguem. O Supremo já confirmou, por exemplo, que 100 bolsonaristas acusados de envolvimento se tornarão réus.
Edição: Rodrigo Durão Coelho