O ex-deputado federal Roberto Jefferson, aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), passou a primeira noite no presídio Pedrolino Werling de Oliveira, conhecido como Bangu 8, na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, após o episódio em que disparou tiros e jogou granadas contra policiais. Ele chegou ao presídio na noite de segunda-feira (24).
Antes de ser encaminhado à unidade prisional, o ex-parlamentar passou por audiência de custódia, que confirmou a prisão. O procedimento foi realizado por videoconferência pelo desembargador Airton Vieira, juiz auxiliar do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O flagrante aconteceu no domingo (23). Foram registradas quatro tentativas de homicídio por parte de Jefferson contra agentes que foram à casa onde ele cumpria prisão domiciliar, no município fluminense de Comendador Levy Gasparian, na divisa com Minas Gerais. Dois agentes policiais ficaram feridos por estilhaços de granadas atiradas pelo bolsonarista, mas passam bem.
Em depoimento à Polícia Federal, revelado pela Folha de S. Paulo, ele disse que disparou cerca de 50 tiros, usando um fuzil calibre 55.6.
O ex-deputado cumpria prisão domiciliar no contexto de inquérito sobre milícias digitais, que investiga atos antidemocráticos. O benefício foi revogado depois que ele descumpriu medidas como a proibição de receber visitas e fazer publicações em redes sociais.
Fátima Bernardes alerta para "tratamento diferente" de Bolsonaro a Roberto Jefferson após agressões
A jornalista Fátima Bernardes fez questionamentos sobre a postura do governo de Jair Bolsonaro após o episódio das agressões de Roberto Jefferson contra policiais federais. Fátima questionou o "tratamento tão diferente daquele que seria destinado a qualquer brasileiro" pelo governo, depois que o presidente ordenou que o ministro da Justiça acompanhasse o caso de perto.
"Queria fazer uma pergunta para gente refletir juntos: se você, eu, qualquer brasileiro condenado, cumprindo prisão domiciliar, atirasse contra a polícia, ferisse dois policiais, lançasse granadas contra carro da polícia, será que receberíamos como tratamento o ministro da Justiça acompanhando a nossa rendição?", questionou.
O vídeo da jornalista foi publicado na ferramenta "stories" do Instagram, que apaga o conteúdo após 24 horas. A mensagem foi salva e compartilhada em outras contas nas redes sociais.
A Fátima Bernardes: pic.twitter.com/qRAsy4BZiH
— Sérgio Santos (@ZAMENZA) October 24, 2022
Campanha de Bolsonaro recebe mais de R$ 26 milhões em doações em apenas 10 dias
Às vésperas do segundo turno, a campanha de Jair Bolsonaro à reeleição foi turbinada por generosas doações de pessoas físicas. Em apenas dez dias, entre 10 e 20 de outubro, foram recebidos R$ 26,4 milhões, segundo informações oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O valor é equivalente a mais de um terço do dinheiro recebido pela candidatura bolsonarista desde o início da campanha, num total de R$ 77,1 milhões.
Segundo apurou a Folha, foram confirmadas ao menos 60 doações com valores a partir de R$ 100 mil nesse período. A maior delas veio do advogado e pastor evangélico Fabiano Zettel, da igreja Bola de Neve, que, sozinho, doou R$ 3 milhões, registrados no último dia 10.
O volume de doações de pessoas físicas à campanha de Bolsonaro contrasta com os valores recebidos pela campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que, segundo os últimos registros, tinha recebido R$ 1,6 milhão em doações de pessoas físicas, além de R$ 2 milhões por um financiamento coletivo.
A maior parte dos custos da campanha de Lula é coberto pelo Fundo Eleitoral. O PT, partido que elegeu a maior bancada de deputados federais em 2018, teve direito à maior fatia desses recursos.
Procuradoria-Geral Eleitoral silencia sobre desinformação na campanha
Desde o início da campanha, a Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE) chefiada por Augusto Aras não fez qualquer questionamento ao TSE sobre uso de desinformação contra o processo eleitoral.
O levantamento, da Folha de S. Paulo, mostrou que a única movimentação da PGE no contexto dessas eleições foi feita ainda no período de pré-campanha. A ação aconteceu após Bolsonaro fazer, em julho, uma apresentação a embaixadores com informações falsas sobre as urnas eletrônicas.
De acordo com a Folha, o entendimento dos integrantes da PGE é que a reação à palestra de Bolsonaro marcou posição do Ministério Público Eleitoral contra a desinformação e "surtiu o resultado esperado". Por isso, desde o início formal da campanha, em 16 de agosto, não houve novas movimentações.
Edição: Nicolau Soares