Fazendo as pazes

Venezuela e Colômbia anunciam data para reabertura de fronteira e retomada de voos

Anúncios marcam avanço na normalização das relações entre os países; embaixador venezuelano se reuniu com Petro

Caracas (Venezuela) |
Anúncios vieram após ministro do Comércio da Colômbia se reunir com Maduro - Prensa presidencial

Os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Colômbia, Gustavo Petro, anunciaram nesta sexta-feira (9) uma data para a reabertura das fronteiras e a retomada de voos entre os países. 

Segundo os mandatários, a reabertura entre os territórios vai começar a partir do dia 26 de setembro. "O intercâmbio e a cooperação entre nossos povos se reiniciam com o pé direito", disse Maduro.

O presidente venezuelano ainda afirmou que as primeiras rotas aéreas a serem restauradas serão entre as capitais Caracas e Bogotá e entre Valencia e Bogotá.

Petro, por sua vez, afirmou que os primeiros passos para a reabertura das fronteiras serão a "retomada de conexão aérea e do transporte de carga". "Confirmamos o compromisso do governo em restabelecer as relações de irmandade", disse o presidente colombiano.

A retomada de voos concretiza as expectativas do setor de aviação civil venezuelano, que já haviam sido adiantadas pelo Brasil de Fato.

Após as declarações dos presidentes, o embaixador colombiano na Venezuela afirmou que os ministros do Comércio e dos Transportes da Colômbia "já adiantaram conversas para restabelecer os voos diretos entre Bogotá e Caracas com a Avianca, Latam, Ultra e Wingo", destacando que, "na Venezuela, já está aprovada a Avior e a Laser Airlines está em revisão".

Os anúncios chegam logo após o ministro do Comércio da Colômbia, Germán Umaña Mendoza, visitar Caracas e se reunir nesta quinta-feira (8) com o presidente da Venezuela.

Além disso, a data para a reabertura das fronteiras marca mais um passo em direção à plena normalização das relações entre os países, que enfrentaram anos de tensão quando o governo colombiano esteve ocupado pelo agora ex-presidente Iván Duque. 

Durante o mandato do direitista, Bogotá deixou de reconhecer o governo Maduro, forneceu apoio material e político ao ex-deputado e autoproclamado presidente Juan Guaidó e apoiou diversas tentativas de desestabilizar e derrubar o governo venezuelano.

A reaproximação proposta pelo recém-empossado presidente, Gustavo Petro, coloca fim ao apoio colombiano à estratégia de "pressão máxima" idealizada pelo governo do ex-mandatário norte-americano Donald Trump.

Desde que Petro chegou ao poder, os governos venezuelano e colombiano já nomearam embaixadores para os países, avançaram nas negociações para recuperar a empresa Monómeros e falam em criar uma zona econômica especial na fronteira.

Apesar de não terem anunciado um encontro para o dia 26 de setembro, o embaixador colombiano na Venezuela já havia dito no final de agosto que uma reunião entre Maduro e Petro poderia ocorrer em breve na fronteira entre os dois países.

"[Um encontro] entre os dois na fronteira da Colômbia e Venezuela, no começo de outubro. Vou propor que esse encontro possa acontecer no começo de outubro em algum lugar limítrofe entre ambas as nações", disse.

Caso os mandatário se reúnam, esse seria o primeiro encontro entre presidentes da Colômbia e Venezuela desde que Juan Manuel Santos deixou a Presidência colombiana em 2018.

Embaixador venezuelano toma posse

Na última quarta-feira (7), o embaixador venezuelano na Colômbia, Félix Plasencia, se reuniu com Petro para entregar suas credenciais diplomáticas, ato que marcou a posse do diplomata.

A reunião formalizou o restabelecimento de laços diplomáticos entre os dois países, dias após Armando Benedetti tomar posse como embaixador colombiano para a Venezuela.

"A entrega de credencias de Plasencia a Gustavo Petro termina de selar essa nova etapa de diplomacia entre Colômbia e Venezuela", afirmou o chanceler venezuelano, Carlos Faría.

O novo embaixador afirmou que conversou com o presidente colombiano sobre o apoio do governo da Venezuela ao processo de paz na Colômbia e disse que sua presença no país ajuda a "recuperar um desencontro mal construído, irresponsável e que nunca deveria ter acontecido".

Edição: Thales Schmidt