O Congresso do Peru aprovou, com 76 votos a favor, 41 contrários e uma abstenção, a abertura do processo de impeachment contra o presidente Pedro Castillo, durante sessão na última segunda-feira (14). A proposta foi defendida pela bancada de direita, formada por 49 membros dos partidos Renovação Popular, Avança País e Força Popular. Nesta terça-feira (15), o mandatário deve oferecer uma mensagem à nação às 17h - hora local.
Esta é a segunda vez que os parlamentares de direita apresentam a moção de vacância ao Congresso, sob justificativa de falta de "capacidade moral" de Castillo para permanecer no cargo. Em dezembro de 2021, o Congresso rejeitou, com 46 votos a favor e 76 contra, um primeiro pedido. Desta vez o texto foi aprovado apenas cinco dias após o Legislativo confirmar o quarto gabinete de ministros formado pelo presidente em apenas sete meses de gestão.
O debate sobre a moção de vacância está agendado para a próxima segunda-feira (28). Para destituir o presidente são necessários 87 votos favoráveis do total de 130 congressistas. Embora o partido governante Peru Livre tenha a maior bancada do Congresso, com 37 deputados, ainda necessita o apoio de outros sete parlamentares para impedir o impeachment.
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O presidente do partido, Vladimir Cerrón, afirmou que nas próximas eleições é necessário obter a maioria do Legislativo para garantir a governabilidade no país. "Só assim poderemos evitar o obstrucionismo, a paralisia política, o conservadorismo, as vacâncias e a chantagem", publicou.
Durante ato de abertura do ano escolar 2022, Pedro Castillo reagiu ao processo de impeachment e afirmou que lhe dá "pena que [os congressistas] sigam com as rasteiras e não escutem o povo".
A Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) emitiu um comunicado manifestando sua preocupação pela instabilidade política no Peru.
"Enfatizamos a necessidade de que se respeite a ordem democrática e a vontade popular expressa a favor do presidente Pedro Castillo há sete meses", escreveu o presidente argentino Alberto Fernández, que também lidera a Celac.
La Presidencia Pro Témpore de la Comunidad de Estados Latinoamericanos y Caribeños expresa su preocupación por la situación institucional que atraviesa la hermana República del Perú (sigue)👇🏽 pic.twitter.com/c0n6uJ3OaF
— Comunidad de Estados Latinoamericanos y Caribeños (@PPT_CELAC) March 12, 2022
O presidente boliviano Luis Arce também se solidarizou com seu homólogo peruano. "Os governos legitimamente eleitos fortalecem a democracia da região", disse.
Caso seja aprovada a vacância presidencial, a vice-presidenta Dina Boluarte assume o comando do país.
Edição: Arturo Hartmann