A crise política no Peru permanece se aprofundando com novas declarações do recém-empossado presidente do Conselho de Ministros e a perda de popularidade do presidente Pedro Castillo. O ministro Aníbal Torres afirmou que há um plano de golpe contra o atual governo sendo gestado pelo Congresso.
"Vocês estão vendo que na capital uma parte do Congresso não quer reconhecer o triunfo de Pedro Castillo, que é o triunfo de todos. Nós lhes estendemos as mãos. Não queremos seguir com esses problemas, mas sim discutir os problemas nacionais, os problemas do povo, postergados durante 200 anos de vida republicana", afirmou em coletiva de imprensa no último domingo (13).
O partido governante Peru Livre apresentou uma denúncia constitucional contra a presidenta do Congresso, María del Carmen Alva, do partido de centro-direita Ação Popular, e outros nove deputados pela participação num seminário da Fundação Friedrich Naumann, na última quarta-feira (9), que teria discutido o processo de vacância presidencial. O encontro reuniu parlamentares de toda a bancada opositora, incluindo os partidos de extrema direita Força Popular, Renovação Popular, e de centro: Podemos Peru, Aliança para o Progresso.
Para aprovar a vacância presidencial são necessários 87 votos do total de 130 congressistas. Em dezembro, a oposição tentou iniciar um processo de impeachment contra Castillo, que foi derrotado com 76 votos contrários e 46 favoráveis. O deputado pelo partido governante, Peru Livre, Alex Flores declarou que se o Congresso votar a vacância presidencial, todos os legisladores deveriam renunciar e antes deveria ser convocado um processo constituinte.
A reforma da atual Constituição, promulgada em 1993 durante o regime de Alberto Fujimori, foi uma das principais propostas da campanha de Castillo — uma bandeira ainda defendida pelo partido governante, mas pouco comentada pelo mandatário.
A aprovação da atual gestão teve seu ponto mais baixo desde o início do mandato em julho do ano passado. De acordo com levantamento da empresa Ipsos, apenas 25% dos peruanos aprovam o governo de Castillo e outros 56% apoiariam a renúncia do presidente.
56% de peruanos cree que el presidente debería renunciar, y 42% que debería continuar hasta concluir su mandato en el 2026. En Lima, la idea de que el presidente debe renunciar (71%) es mayor que en regiones (48%).@cuarto_poder @noticiAmerica #IpsosPeru pic.twitter.com/kIGpog3GRU
— Ipsos Perú (@ipsosperu) February 14, 2022
No entanto, 74% dos entrevistados acreditam que se Castillo renunciasse, novas eleições gerais deveriam ser convocadas. Já sobre o processo de vacância presidencial, somente 36% dos peruanos estão de acordo. A pesquisa foi realizada entre os dias 10 e 11 de fevereiro com 1.214 pessoas.
Sem maiores comentários sobre as últimas pesquisas de opinião, Castillo chamou o país a fortalecer o "companheirismo, lealdade, empatia e união para levar o país adiante". No dia 8 de fevereiro, o presidente peruano anunciou seu quarto gabinete de ministros, agora o grupo deve receber um voto de confiança do Congresso para poder governar.
Edição: Thales Schmidt
