Em depoimento à CPI da Covid, o gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, informou que a primeira reunião realizada com o governo brasileiro sobre aquisição de vacinas ocorreu em maio de 2020. Somente em março deste ano, o Brasil fechou acordo com a farmacêutica para fornecimento dos imunizantes.
Ainda de acordo com o dirigente da Pfizer, caso o Brasil fechasse o acordo, teria recebido, até 1 de junho deste ano, 18,5 milhões de doses de vacinas. Ainda de acordo com o cronograma traçado pela empresa, as primeiras unidades teriam sido entregues no país em dezembro de 2020. A primeira vacinação no Brasil ocorreu no dia 25 de janeiro de 2021.
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Sete ofertas
Murillo informou aos senadores que a Pfizer fez sete ofertas de vacinas ao governo brasileiro. As três primeiras, em agosto de 2020. Tentando acelerar o processo de negociação, o CEO da empresa, Albert Bourla, enviou uma carta ao presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (sem partido), e outros membros do governo: o vice-presidente Hamilton Mourão; Braga Netto, chefe da Casa Civil; Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde; Paulo Guedes, ministro da Economia; e Nestor Foster, ex-embaixador do Brasil nos EUA.
“O que eu posso confirmar é que depois de feitas estas ofertas, com data de 12 de setembro, nosso CEO mandou uma comunicação para o governo do Brasil indicando nosso interesse em chegar a um acordo. E que nós tínhamos fornecido para o governo do Brasil as propostas anteriormente mencionadas”, afirmou Murillo.
O governo brasileiro demorou dois meses para responder a carta do CEO da Pfizer. A revelação foi feita na última quarta-feira (12), pelo ex-secretário de Comunicação do governo federal, Fábio Wanjgarten, que apresentou o documento aos senadores.
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Indagado pelo senador Tasso Jeressati (PSDB-CE) sobre o motivo de ter procurado outros ministros, Murillo informou que “a Pfizer procurou diversos representantes do governo para assegurar que o processo iria andar.”
Contradição de Pazuello
No dia 23 de janeiro deste ano, Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, afirmou que o Brasil não havia fechado acordo com a Pfizer, pois a empresa teria apresentado condições “leoninas”, o que teria dificultado o acordo. Na CPI, Murillo desmentiu o bolsonarista.
“Não estou de acordo com as condições leoninas”, informou o dirigente da empresa, que explicou que as condições ofertadas ao Brasil foram as mesmas apresentadas aos demais países.
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Sobre os contatos com o ex-ministro da Saúde, Murillo relatou dois contatos. “Tive duas interações com o ministro Pazuello. A primeira em novembro, quando ele ligou em meu celular. A segunda, foi no Ministério da Saúde, no dia 22 de dezembro, quando houve uma reunião com a equipe técnica.”
Edição: Vivian Virissimo