Bate-boca

Ameaça de prisão e bate-boca entre Renan Calheiros e Flávio Bolsonaro marcam CPI

Calheiros e Fabiano Contarato pediram a prisão de Wajngarten por mentir à CPI; pedido foi rejeitado pelo presidente

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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A sessão foi interrompida após um bate-boca entre os senadores Flavio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e Calheiros
A sessão foi interrompida após um bate-boca entre os senadores Flavio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e Calheiros - Reprodução

Diante das mentiras contadas pelo ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) da Presidência até março de 2021, Fabio Wajngarten durante depoimento na CPI da Covid nesta quarta-feira (12),  os senadores Calheiros e Fabiano Contarato (Rede-ES) pediram a prisão do depoente por violação flagrante do artigo 342 do Código Penal.

O pedido foi rejeitado pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM). "Se depender de mim, eu não vou mandar prender o senhor Fabio Wajngarten", declarou Aziz.

"Não tomarei essa decisão Temos como colocar no relatório que ele mentiu. Informar o MP pra ele ser preso depois", disse o presidente da CPI.

A sessão foi interrompida após um bate-boca entre os senadores Flavio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e Calheiros. O filho do presidente chamou o relator de "vagabundo", ao que o senador alagoano respondeu: "Vagabundo é você que roubou dinheiro no seu gabinete", em referência ao esquema das "rachadinhas".

 

Fabio Wajngarten mentiu aos senadores

Chefe da Secom até março de 2021, Wajngarten causou perplexidade em senadores que compõem CPI. Ele foi chamado a depor após uma entrevista que concedeu à revista Veja, na semana passada, atribuindo o atraso na compra de vacinas à "ineficiência" do governo federal – mais especificamente, ao ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.

Além de não assumir as declarações feitas à revista, o ex-secretário elogiou Bolsonaro e Pazuello, evitou respostas objetivas e se contradisse sobre negociações de vacinas com a empresa estadunidense Pfizer.

“A manchete serve para vender revista, trazer audiência e chamar atenção”, declarou, minimizando suas próprias afirmações à imprensa.

A postura foi criticada por senadores, e a sessão precisou ser interrompida durante as perguntas do relator Renan Calheiros (MDB-AL), até que se acalmassem os ânimos.

O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), repreendeu o depoente após as respostas contraditórias: “Senhor Fabio, você só está aqui por causa da entrevista à Veja. Se não, a gente nem lembraria de você. Por favor, não menospreze a nossa inteligência”.

Aziz sugeriu suspender a sessão até a revista fornecer a gravação do áudio da entrevista, sem cortes. A sugestão não foi acatada pelos demais senadores, e a sessão que começou as 10h se estendeu ao longo da tarde. Sobre a necessidade de pedir o material à Veja, houve consenso.

Nesta quarta-feira (12), após a negativa de Wajngarten, a revista Veja disponibilizou trecho do áudio do ex-titular da Secom.

Ao ser questionado pelo repórter da revista se havia negligência ou incompetência do ex-ministro da Saúde em relação à compra da vacina da Pfizer, Wajngarten é enfático: "Incompetência, incompetência".

"Quando você tem um laboratório americano, com cinco escritórios de advocacia apoiando na negociação e você tem do outro lado um time pequeno, tímido, sem experiência, é 7 a 1", diz o ex-secretário no áudio divulgado pela revista.

Ouça abaixo:

 

Edição: Leandro Melito