A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) afirmou nesta segunda-feira (27) que “há pressão das ruas” contra os países europeus para que devolvam obras saqueadas do continente africano durante a colonização.
Segundo o vice-diretor-geral de cultura da Unesco, Ernesto Ottone, "há cinco ou seis anos” a organização observa uma pressão popular nos países da África para que as obras sejam restituídas.
"Quando falamos com as novas gerações que frequentam museus na Europa, elas têm uma visão crítica do que estão vendo", acrescentou o responsável durante a realização de uma conferência da Unesco em Adis Abeba, capital da Etiópia, que reúne os 54 Estados do continente para debater a devolução e restituição de bens culturais africanos.
O também ex-ministro da Cultura do Chile disse acreditar que há uma "conscientização" e uma "mudança de atitude" em relação às obras que são expostas nos museus dos países colonizadores.
Na França, que teve um império colonial até meados do século XX, quase 90 mil artefatos da África Subsaariana estão expostos em museus públicos, de acordo com um relatório de 2018.
Além de Paris, países como Reino Unido e Alemanha receberam pedidos de devolução de bens culturais saqueados durante a colonização.
Assim, nos últimos anos, vários países europeus empreenderam um longo processo para devolver obras de arte saqueadas durante a colonização, algo que Ottone descreve como uma "questão complexa" que depende da legislação dos diferentes países.
*Com AFP
Edição: Leandro Melito