O porta-vox do Kremlin, Dmitry Peskov, informou nesta segunda-feira (9) que a decisão de conceder asilo ao ex-presidente sírio, Bashar al-Assad, e à sua família, na Rússia foi tomada por Vladimir Putin.
A confirmação do porta-voz de Putin sobre o asilo de Assad acontece após a informação ter sido noticiada pela imprensa estatal russa no último domingo (8), citando uma fonte do Kremlin não identificada.
Em um briefing à imprensa nesta segunda-feira, Peskov acrescentou que agora não tem nada a dizer aos jornalistas sobre o paradeiro de Bashar al-Assad e que uma reunião com ele não está incluída na agenda oficial do presidente russo, Vladimir Putin.
"É claro que tais decisões não podem ser tomadas sem o chefe de Estado. Esta é a decisão dele. Mas agora, na situação atual, não tenho nada a dizer", disse Peskov.
Dmitry Peskov também observou que é "absolutamente desnecessário" que o Kremlin faça uma declaração oficial sobre a concessão de asilo a Assad na Rússia. “Não precisamos fazer isso", disse ele.
Ao falar sobre a situação na Síria como um todo, Peskov declarou que os desdobramentos no país do Oriente Médio nos últimos dias "surpeenderam o mundo inteiro" e o Kremlin "não é exceção neste caso".
De acordo com o porta-voz do presidente russo, a Síria enfrenta "um período muito difícil associado à instabilidade", mas o Kremlin manterá o diálogo com todos os países regionais "sobre assuntos sírios".
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia informou que o presidente sírio, Bashar al-Assad, após negociações com vários participantes do conflito sírio, decidiu renunciar ao cargo e deixou a Síria, dando instruções para transferir o poder pacificamente. A diplomacia russo destacou que Moscou não participou das negociações.
Entenda a reviravolta na Síria
Na madrugada do último domingo, forças rebeldes islamistas tomaram o controle da cidade de Damasco, capital da Síria, e anunciaram a derrubada do governo.
A ação fez parte de uma nova ofensiva rebelde iniciada na última sexta-feira (29), quando Aleppo, a segunda maior cidade do país, foi tomada pelos grupos armados.
Desde então, tropas do grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS) foram avançando e conquistando posições no país que é palco de uma guerra civil iniciada em 2011, mas que estava adormecida havia pelo menos quatro anos.
A tomada de Damasco deve marcar o início de uma nova fase na Síria, já que encerrou quase 25 anos de governo de Bashar al-Assad e pode alterar os interesses de potências envolvidas no conflito.
O Irã, governo próximo ao sírio, reforçou a necessidade de respeito à autodeterminação do povo da Síria.
Os EUA se pronunciaram pelo presidente em fim de mandato, Joe Biden, que afirmou acompanhar com preocupação o desenrolar dos confrontos. Já Donald Trump, que deve assumir no dia 20 de janeiro, disse que Assad caiu porque perdeu o apoio da Rússia.
Edição: Rodrigo Durão Coelho