Assad em Moscou

Kremlin confirma que Putin concedeu asilo na Rússia para líder sírio deposto Bashar al-Assad

Ex- presidente sírio foi para Moscou após perder o poder para as forças rebeldes, que tomaram Damasco no último domingo

Brasil de Fato | São Petersburgo (Rússia) |
Presidente sírio, Bashar al-Assad, e o líder russo, Vladimir Putin, se reúnem no Kremlin, em julho de 2024 - Kremlin.ru

O porta-vox do Kremlin, Dmitry Peskov, informou nesta segunda-feira (9) que a decisão de conceder asilo ao ex-presidente sírio, Bashar al-Assad, e à sua família, na Rússia foi tomada por Vladimir Putin. 

A confirmação do porta-voz de Putin sobre o asilo de Assad acontece após a informação ter sido noticiada pela imprensa estatal russa no último domingo (8), citando uma fonte do Kremlin não identificada. 

Em um briefing à imprensa nesta segunda-feira, Peskov acrescentou que agora não tem nada a dizer aos jornalistas sobre o paradeiro de Bashar al-Assad e que uma reunião com ele não está incluída na agenda oficial do presidente russo, Vladimir Putin.

"É claro que tais decisões não podem ser tomadas sem o chefe de Estado. Esta é a decisão dele. Mas agora, na situação atual, não tenho nada a dizer", disse Peskov.

Dmitry Peskov também observou que é "absolutamente desnecessário" que o Kremlin faça uma declaração oficial sobre a concessão de asilo a Assad na Rússia. “Não precisamos fazer isso", disse ele.

Ao falar sobre a situação na Síria como um todo, Peskov declarou que os desdobramentos no país do Oriente Médio nos últimos dias "surpeenderam o mundo inteiro" e o Kremlin "não é exceção neste caso". 

De acordo com o porta-voz do presidente russo, a Síria enfrenta "um período muito difícil associado à instabilidade", mas o Kremlin manterá o diálogo com todos os países regionais "sobre assuntos sírios".

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia informou que o presidente sírio, Bashar al-Assad, após negociações com vários participantes do conflito sírio, decidiu renunciar ao cargo e deixou a Síria, dando instruções para transferir o poder pacificamente. A diplomacia russo destacou que Moscou não participou das negociações. 

Entenda a reviravolta na Síria

Na madrugada do último domingo, forças rebeldes islamistas tomaram o controle da cidade de Damasco, capital da Síria, e anunciaram a derrubada do governo.

A ação fez parte de uma nova ofensiva rebelde iniciada na última sexta-feira (29), quando Aleppo, a segunda maior cidade do país, foi tomada pelos grupos armados.

Desde então, tropas do grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS) foram avançando e conquistando posições no país que é palco de uma guerra civil iniciada em 2011, mas que estava adormecida havia pelo menos quatro anos.

A tomada de Damasco deve marcar o início de uma nova fase na Síria, já que encerrou quase 25 anos de governo de Bashar al-Assad e pode alterar os interesses de potências envolvidas no conflito.

O Irã, governo próximo ao sírio, reforçou a necessidade de respeito à autodeterminação do povo da Síria.

Os EUA se pronunciaram pelo presidente em fim de mandato, Joe Biden, que afirmou acompanhar com preocupação o desenrolar dos confrontos. Já Donald Trump, que deve assumir no dia 20 de janeiro, disse que Assad caiu porque perdeu o apoio da Rússia.

Edição: Rodrigo Durão Coelho