O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, disse nesta terça-feira (23) que a vitória eleitoral do governo nas eleições de 28 de julho representa a possibilidade de “eliminar a possibilidade de o fascismo ter acesso a algum elemento do poder”. Ele participou do seminário Alternativa Social Mundial, organizado pela Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba-TCP), que é organizado até esta quarta-feira.
Segundo ele, a extrema direita representada pelo ex-embaixador Edmundo González Urrutia “não tem ideias nem propostas para melhorar as condições de vida do povo, está espalhando o seu mal, é o seu veneno”. Ele também disse que caberia aos movimentos populares não só “discutir a forma de resistir”, mas também organizar uma ofensiva para construir um novo mundo.
Gil também afirmou que os movimentos populares enfrentam desafios há muitos séculos, com a dominação de um povo sobre outro sendo o principal deles.
“O primeiro deles é o colonialismo, nas suas diferentes formas e agora o neocolonialismo, que não é apenas a causa da deterioração e das desigualdades na vida, mas hoje se apresenta como uma nova ameaça ainda mais poderosa e com fome de pilhagem”, afirmou o chanceler.
O ex-vice-presidente da Venezuela e dirigente da Alba-TCP, Jorge Arreaza, também participou do evento. Ele discursou ao lado de Yván Gil e também falou sobre as eleições no país.
O pleito vai opor o atual presidente, Nicolás Maduro, que busca um terceiro mandato, e a oposição, que tem Edmundo González Urrutia como candidato. Ele é considerado um representante da ex-deputada ultraliberal María Corina Machado, principal nome da oposição, mas impossibilitada de concorrer por irregularidades fiscais.
Arreaza disse que o dia 28 de julho será “histórico”. De acordo com ele, o país “vive o epicentro das lutas no nosso continente” e a reeleição de Maduro representaria “uma bela vitória para um povo que sofreu todas as agressões que se pode imaginar”.
“As bombas caíram sobre ele, não as físicas dos aviões, mas as sanções, como dizem nos Estados Unidos, as medidas coercitivas. No entanto, ele está de pé, consciente e lutando contra o imperialismo, porque não se trata de uma disputa entre um candidato revolucionário e um candidato não revolucionário; É uma disputa entre o país e o império, e isso será definido e vocês vão testemunhar essa vitória popular no próximo domingo”, afirmou.
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Maduro contra 9
O CNE anunciou em maio que 21,4 milhões de venezuelanos estão aptos a votar no dia 28 de julho. Cerca de 69 mil deles estão fora do país. O presidente Nicolás Maduro busca a reeleição contra outros 9 candidatos.
Em junho, oito dos 10 candidatos assinaram um acordo para respeitar o resultado das eleições. Edmundo se recusou a participar e não assinou o documento. Além dele, Enrique Márquez, do partido Centrados, não assinou.
Como funciona o sistema eleitoral na Venezuela?
A eleição para presidente na Venezuela tem apenas um turno. Ganha quem tiver o maior número de votos. O mandato para o presidente é de seis anos. No país, não há limite de reeleição para presidente. O atual chefe do Executivo é Nicolás Maduro, que concorre à reeleição para o 3º mandato. Antes dele, Hugo Chávez também foi eleito três vezes, mas morreu logo no início de sua 3ª gestão, em 2013.
Para votar, é preciso ter ao menos 18 anos e o voto não é obrigatório no país. Assim como o Brasil, a Venezuela também usa a urna eletrônica, mas a diferença é que no sistema venezuelano o voto é também é impresso. O Conselho Nacional Eleitoral venezuelano contratou uma empresa em 2004 que desenvolveu e implementou mais de 500 mil máquinas e treinou 380 mil profissionais para operá-las.
O procedimento é simples. Os centros de votação são em escolas públicas. O eleitor entra na sala de votação, valida sua biometria e registra o voto na urna eletrônica. Ele recebe o comprovante impresso do voto, confere se está correto e o deposita em uma outra urna, onde ficam armazenados os votos em papel. Quando a votação é encerrada, o chefe da seção imprime o boletim de urna e faz a contagem dos votos impressos para conferir se estão de acordo.
Edição: Rodrigo Durão Coelho