Integrantes do grupo guerrilheiro Estado Maior Central (EMC) da Colômbia ameaçaram a realização da COP da biodiversidade de 2024, que será realizada de 21 de outubro a 2 de novembro na cidade colombiana de Cali. Segundo os guerrilheiros do grupo dissidente das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a conferência da biodiversidade vai “fracassar mesmo que a cidade seja militarizada com gringos”.
A ameaça à realização do evento veio pouco depois do rompimento do cessar-fogo do governo com o EMC. Também nesta terça-feira (16), o ministro da Defesa, Iván Velásquez, anunciou o fim do cessar-fogo afirmando que o grupo realiza ataques contra civis.
“O Governo Nacional declara encerrado o cessar-fogo com todos os blocos e frentes que constituíam o antigo Estado Maior Central dos dissidentes das Farc, comandado por 'Iván Mordisco', e é mantido durante três meses com o Bloco 'Gentil Duarte'. 'Jorge Suárez Briceño' e com a frente 'Raúl Reyes'", disse o ministro.
A COP16 é a Conferência das Partes organizada pela ONU com foco na Biodiversidade. Participam desse evento os países que são signatários da Convenção da Biodiversidade. A diferença com a COP das Mudanças Climáticas, bem mais conhecida, é que nessa última participam os países signatários do acordo de mudanças climáticas da ONU.
O EMC passa por um aumento da tensão com o Estado colombiano. Em maio, o grupo realizou dois ataques no Estado de Cauca, no sudoeste do país. Nove pessoas ficaram feridas e dois policiais morreram em ações do grupo. Depois disso, o presidente Gustavo Petro anunciou a troca no comando do Exército do país e a instalação de um Conselho de Segurança permanente na região.
Cali é a 3ª maior cidade da Colômbia e é estratégica para o domínio territorial do EMC. Além disso, está a 48km da divisa com o Estado de Cauca. A segurança do evento será de responsabilidade do Estado colombiano e da polícia da Organização das Nações Unidas. Ao todo, serão 12 mil soldados colombianos durante o evento.
O EMC tinha um acordo de cessar-fogo com o governo desde outubro de 2023. Em janeiro, as duas partes prorrogaram a trégua até 15 de julho. Após negociações realizadas em março em San José del Guaviare, o governo e o EMC se comprometeram a continuar as discussões e a avaliar e monitorar se as regras estabelecidas para o cessar-fogo estão sendo cumpridas. O acordo também estabelece uma comunicação permanente para evitar confrontos.
O governo colombiano também determinou que toda a alta cúpula das Forças Armadas e o ministro da Defesa, Iván Velásquez, estejam na região para acompanhar de perto a situação por meio de um Conselho de Segurança permanente.
Diálogos de paz
O presidente Gustavo Petro tem avançado nos diálogos de paz com grupos guerrilheiros, em especial com o Exército de Libertação Nacional (ELN).
Um dos trunfos para isso é a posição de Gustavo Petro na resolução desses conflitos. O diálogo permanente com os grupos armados é uma das políticas implementadas pelo colombiano desde o início do seu mandato em 2022. O presidente tornou oficial a busca pela paz ao transformar a ideia em política de Estado a partir da aprovação da lei 418, que firma o compromisso do Estado colombiano em manter contato para negociar o fim dos confrontos entre esses grupos.
As negociações com o EMC se somam a outras mesas de diálogos estabelecidas pelo governo. Até agora, o Estado conseguiu abrir diálogos com o Exército de Libertação Nacional (ELN) e com a Segunda Marquetalia, também surgido de dissidências das Farc.
Edição: Rodrigo Durão Coelho