Representantes do governo colombiano e do grupo Segunda Marquetalia, dissidente das guerrilhas de esquerda Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), iniciaram nesta segunda-feira (24) negociações de paz na capital da Venezuela, Caracas. Esta é a terceira mesa de negociações promovida pelo governo progressista de Gustavo Petro com o grupo.
Os diálogos começam nesta terça-feira (25) e vão até sábado (29). Em nota, o governo colombiano e o grupo guerrilheiro afirmaram que vão discutir questões “específicas dos diálogos de paz, definir os protocolos de negociação e anunciar as primeiras decisões sobre medidas" para reduzir a escalada do conflito.
As duas partes anunciaram em fevereiro que se comprometeram a iniciar as negociações para um acordo de paz definitivo e estabelecer de forma “imediata” acordos prévios para reduzir os confrontos. O governo ainda não tinha um acordo de cessar-fogo com a Segunda Marquetalia, um dos principais grupos guerrilheiros do país.
Na reunião de abertura deste ciclo de negociações, foram anunciados os representantes das delegações do governo e da Segunda Marquetalia nas conversas. Venezuela, Cuba e Noruega vão atuar como “países garantes” e vão acompanhar as negociações.Em comunicado, os países agradeceram a confiança e reforçaram o “compromisso com o processo que hoje se inicia e com a construção da paz na Colômbia. Este é um passo importante para alcançar a paz na Colômbia”.
De acordo com o representante do grupo guerrilheiro, Walter Mendoza', a organização tem a expectativa de “alcançar um acordo de paz sem qualquer armadilha", e disse esperar que o governo cumpra com “tudo que foi acordado”. O governo da Venezuela publicou uma nota parabenizando o início das negociações e reforçando o compromisso de “seguir trabalhando vigorosamente para a reconciliação da nossa amada Colômbia e fazer da América Latina e do Caribe um território de paz”.
De acordo com o comandante da Segunda Marquetalia, Iván Márquez, o presidente Gustavo Petro tem realizado esforços para “ garantir o bem-estar social do povo”. A 'Segunda Marquetalia' tem quase 1.660 combatentes.
Negociações com outro grupos
O diálogo permanente com os grupos armados é uma das políticas implementadas por Petro desde o início do seu mandato em 2022. O presidente transformou a Paz Total em uma política de Estado a partir da aprovação da lei 418, que firma o compromisso do Estado colombiano em manter contato para negociar o fim dos confrontos entre esses grupos.
Petro negocia ainda com o Exército de Libertação Nacional (ELN) e com o Estado-Maior Central (EMC). Com o ELN o governo tem um cessar-fogo estabelecido até agosto. A última reunião entre os dois também foi realizada em Caracas, em maio. Após o encontro, as duas partes concordaram em ampliar a participação popular nas conversas pelo fim dos conflitos armados.
O objetivo é que as comunidades participem de forma ativa dos diálogos para a paz no país para um Grande Acordo Nacional para a "superação do conflito social, político, econômico e armado".
Já com o Estado-Maior Central, o governo estabeleceu um acordo de cessar-fogo desde outubro de 2023. Em janeiro, as duas partes prorrogaram a trégua até 15 de julho. Mas no mês passado, o EMC realizou ataques no Estado de Cauca que deixaram ao menos dois policiais mortos. O episódio levou a troca no comando do Exército da Colômbia e a instalação de um Conselho de Segurança permanente em Cauca
O governo da Colômbia anunciou no final de maio que vai realizar um novo ciclo de debates com o EMC em Bogotá de 20 a 26 de julho.
Edição: Rodrigo Durão Coelho