O Governo da Colômbia e a Segunda Marquetalia-EB, grupo guerrilheiro que surgiu de uma dissidência das antigas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), anunciaram neste sábado (29) que concluíram o primeiro ciclo de negociações de paz, que ocorreu na Venezuela.
Após os diálogos, o grupo armado anunciou um cessar-fogo unilateral e ambas as partes prometeram trabalhar por uma "desescalada abrangente e gradual do conflito".
"A Segunda Marquetalia se compromete a não permanecer armada ou uniformizada nas capitais municipais e centros urbanos ou nas rotas terrestres e fluviais […]. Da mesma forma, está comprometido com a libertação das pessoas que deteve e com o respeito e garantias para a população civil", afirma o comunicado emitido conjuntamente no final desta fase dos diálogos.
No texto, as partes destacaram que no primeiro ciclo de negociações em Caracas houve um "atmosfera proativa e construtiva das duas delegações e o desejo permanente de chegar a acordos com o propósito de alcançar a paz para a Colômbia".
Da mesma forma, o documento oficial destaca que "as delegações do governo da Colômbia e da Segunda Marquetalia concordaram em medidas antecipadas para a desescalada abrangente e gradual do conflito nos territórios onde esta organização está presente".
O texto ainda afirma que ambas as partes apreciam o apoio e seguimento dos países garantes, Cuba, Noruega e Venezuela, do representante da Conferência Episcopal e do representante especial do Secretário-Geral das Nações Unidas.
Ambas as partes solicitaram ao governo de Cuba que acolhesse, na segunda semana de agosto, o próximo ciclo de negociações.
Paz total
O diálogo permanente com os grupos armados é uma das políticas implementadas pelo presidente Gustavo Petro desde o início do seu mandato em 2022. O mandatário transformou a "Paz Total" em uma política de Estado a partir da aprovação da lei 418, que firma o compromisso do Estado colombiano em manter contato para negociar o fim dos confrontos entre esses grupos.
Petro negocia ainda com o Exército de Libertação Nacional (ELN), com o Estado-Maior Central (EMC) e outros grupos. Com o ELN o governo tem um cessar-fogo estabelecido até agosto. A última reunião entre os dois também foi realizada em Caracas, em maio. Após o encontro, as duas partes concordaram em ampliar a participação popular nas conversas pelo fim dos conflitos armados.
O objetivo é que as comunidades participem de forma ativa dos diálogos para a paz no país para um Grande Acordo Nacional para a "superação do conflito social, político, econômico e armado".
Já com o Estado-Maior Central, o governo estabeleceu um acordo de cessar-fogo desde outubro de 2023. Em janeiro, as duas partes prorrogaram a trégua até 15 de julho. Mas no mês passado, o EMC realizou ataques no Estado de Cauca que deixaram ao menos dois policiais mortos. O episódio levou a troca no comando do Exército da Colômbia e a instalação de um Conselho de Segurança permanente em Cauca. O governo da Colômbia anunciou no final de maio que vai realizar um novo ciclo de debates com o EMC em Bogotá de 20 a 26 de julho.
*Com Telesur
Edição: Lucas Estanislau