O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, reeleito para um segundo mandato, tomou posse nesta quarta-feira (19) durante uma cerimônia na sede do governo, o Union Buildings, na capital do país, Pretória. Ramaphosa, líder do partido Congresso Nacional Africano (ANC), que governa a África do Sul desde o fim do apartheid, tornou-se presidente após a renúncia de Jacob Zuma em 2018, e foi reeleito em 2020.
"A formação de um governo de unidade nacional é um momento profundamente significativo. É o início de uma nova era", declarou Ramaphosa após tomar posse, perante Raymond Zondo, presidente do Tribunal Constitucional, o máximo tribunal do país.
Os deputados aprovaram a reeleição de Ramaphosa, de 71 anos, após as eleições gerais de 29 de maio, nas quais o seu partido, o ANC, venceu, mas perdeu a maioria absoluta.
O evento contou com a presença de quase 20 chefes de Estado e de Governo, que foram recebidos por músicos e dançarinos locais. Foram disparados 21 tiros de canhão e cantaram o hino nacional, enquanto helicópteros militares exibiam bandeiras nacionais no céu.
Apesar de ter perdido a maioria absoluta nas eleições legislativas de 29 de maio, o que gerou a necessidade de uma coalizão para formar o novo governo, o ANC continua sendo a maioria na Câmara. O partido tem 159 deputados dos 400 legisladores que o país possui.
O principal partido da oposição, a Aliança Democrática (DA), agremiação liberal que tem 87 deputados, respondeu afirmativamente ao apelo de Ramaphosa para formar um governo de unidade. O mesmo aconteceu com o nacionalista zulu Inkatha Freedom Party (IFP), que conquistou 17 cadeiras, e dois outros partidos menores.
Por outro lado, os Combatentes pela Liberdade Econômica (EFF), de esquerda radical, de Julius Malema, e o partido uMkhonto weSizwe (MK), do ex-presidente inabilitado Jacob Zuma, se aproximaram nos últimos dias e prometeram "esmagar" a aliança governamental "liderada pelos brancos".
Política externa
Sob a presidência de Ramaphosa, a África do Sul protagonizou a ação mais contundente no cenário internacional contra a operação militar israelense na Faixa de Gaza. O país acusou formalmente Israel de cometer genocídio contra o povo palestino e pediu à Corte Internacional de Justiça da ONU que ordene o fim das operações militares.
O Congresso Nacional Africano compara as políticas de Israel em Gaza e na Cisjordânia com sua própria história sob o regime do apartheid, que impunha o domínio da minoria branca e restringia a maioria negra a guetos antes de ser finalmente extinto em 1994.
Com a adesão da Espanha na última semana, 12 países apoiam a ação da África do Sul na CIJ, apresentada em dezembro de 2023.
Em março deste ano, a ministra dos Negócios Estrangeiros do país, Naledi Pandor declarou que a África do Sul vai prender seus cidadãos que tenham lutado pelas forças armadas israelenses na Faixa de Gaza.
*Com AFP
Edição: Leandro Melito