O novo Parlamento sul-africano reuniu-se, nesta sexta-feira (14), para eleger o chefe de Estado que deverá formar um governo de coalizão inédito. A nova gestão incluirá o Congresso Nacional Africano (ANC), partido de Nelson Mandela (1918-2013) que está no poder há 30 anos, e o primeiro partido liberal da oposição.
Os deputados proporão candidatos à presidência durante a tarde. Candidato único até o momento, o presidente em fim de mandato, Cyril Ramaphosa, de 71 anos, deve ser reeleito. Caso seja apresentada nenhuma nova candidatura, será organizada uma votação secreta. A posse do chefe de Estado está marcada para quarta-feira, em Pretória.
Apesar de ter perdido a maioria absoluta nas eleições legislativas de 29 de maio, o que gerou a necessidade de uma coalizão para formar o novo governo, o ANC continua sendo a maioria na Câmara. O partido tem 159 deputados dos 400 legisladores que o país possui.
O primeiro grupo de oposição, a Aliança Democrática (DA), tem 87 cadeiras e anunciou um acordo governamental com o ANC, que chegou ao poder em 1994 com o emblemático líder da luta contra o apartheid Nelson Mandela.
O seu líder, John Steenhuisen, declarou antes desta primeira sessão parlamentar que alcançou "um acordo sobre a declaração de intenção para a formação de um governo de unidade nacional". Além do ANC e da DA, a coalizão incluirá o partido nacionalista Zulu Inkhata (IFP, 17 cadeiras).
"Apoiaremos Cyril Ramaphosa quando ele for eleito presidente", sublinhou Steenhuisen em nome do seu grupo. Nesta primeira sessão, os deputados tomaram posse com ternos e trajes coloridos.
Os deputados do partido de esquerda Lutadores pela Liberdade Econômica (EFF), liderado pelo ex-militante do ANC Julius Malema e que ficou em quarto lugar, apareceram em trajes vermelhos, capacetes, botas e lenços palestinos.
Ação contra Israel
A África do Sul protagoniza a ação mais contundente no cenário internacional contra a operação militar israelense na Faixa de Gaza. O país acusou formalmente Israel de cometer genocídio contra o povo palestino e pediu à Corte Internacional de Justiça da ONU que ordene o fim das operações militares.
O Congresso Nacional Africano compara as políticas de Israel em Gaza e na Cisjordânia com sua própria história sob o regime do apartheid, que impunha o domínio da minoria branca e restringia a maioria negra a guetos antes de ser finalmente extinto em 1994.
Com a adesão da Espanha na última semana, 12 países apoiam a ação da África do Sul na CIJ, apresentada em dezembro de 2023.
Em março deste ano, a ministra dos Negócios Estrangeiros do país, Naledi Pandor declarou que a África do Sul vai prender seus cidadãos que tenham lutado pelas forças armadas israelenses na Faixa de Gaza.
*Com AFP
Edição: Leandro Melito