Crise diplomática

Presidente do México divulga imagens de invasão à embaixada; Rafael Correa pede 'resposta forte' da União Europeia

Ex-vice do Equador, Jorge Glas foi preso após invasão da polícia na embaixada mexicana no Equador

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Soldados do Exército guardam os arredores do Hospital Naval, onde o ex-vice-presidente do Equador Jorge Glas foi hospitalizado em Guayaquil, Equador - Gerardo MENOSCAL / AFP

O presidente do México, Andrés Manuel Lopez Obrador, apresentou nesta terça-feira (9) gravações do circuito interno da embaixada do país em Quito no momento em que ela foi invadida por forças policiais equatorianas na última sexta.

As imagens mostram o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas sendo agredido, enquanto o chefe da chancelaria, Roberto Canseco, é também detido e agredido pelos policiais do Equador. "Não ficaremos em silêncio. Há uma campanha contra mim promovida por grupos conservadores locais e internacionais", declarou o presidente mexicano em coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira (9).

Policiais do Equador usaram a força para invadir e prender o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas, que estava refugiado no local desde dezembro. A invasão ocorreu no mesmo dia em que o México concedeu asilo político a Glas, decisão que aprofundou a tensão diplomática entre os dois países. 

Lopez Obrador ressaltou nesta terça, que o México apresentará uma denúncia formal contra o Equador à Corte Internacional devido à violação do asilo político de Glas.

Também nesta terça (9), o ex-presidente equatoriano Rafael Correa pediu uma “resposta forte” da União Europeia e do resto da comunidade internacional com “pressões políticas” para que o governo equatoriano dê salvo conduto ao ex-vice-presidente Jorge Glas. Correa afirmou que a vida de Glas “corre perigo” e que seus direitos humanos foram “violados”. 

Pedido de impeachment

O representante do Movimento Revolução Cidadã e ex-candidato presidencial equatoriano, Andrés Arauz, anunciou nesta terça-feira (9) que apresentará um pedido de impeachment contra o presidente Daniel Noboa pelo sequestro do ex-vice-presidente Jorge Glas.

“Esperamos que quando sejam iniciadas ações judiciais contra o governo do Equador, os fatos sejam identificados para que o presidente Noboa seja diretamente responsável e que o povo equatoriano não tenha que pagar as consequências deste ato de arbitrariedade e flagrante violação da lei e direito internacional e humanitário", disse Arauz em entevista à Telesur.

O ex-candidato presidencial afirmou que o Movimento Revolução Cidadã responsabiliza o presidente Daniel Noboa pela vida, integridade física e saúde de Jorge Glas e afirmou que o partido se registrará como oposição ao governo Noboa, de acordo com a Lei Eleitoral Equatoriana.

Arauz indicou que o tema também será discutido pela Organização dos Estados Americanos (OEA), pelo Conselho de Segurança da ONU e pela Comunidade de Estados da América Latina e do Caribe (Celac), que convocou os chanceleres da região para discutirem sanções ao Equador na próxima sexta-feira (12).

O chanceler cubano, Bruno Rodriguez, condenou em reunião virtual da Celac na segunda (8), onde denunciou "o abuso da soberania mexicana, que poderia abrir um precedente muito grave e pôr em perigo as relações internacionais e a cooperação entre os Estados."

"É fato grave, inaceitável e que não admite qualquer justificativa. Defendemos a força da Lei. A América Latina e o Caribe são e devem continuar a ser uma Zona De Paz, como a Celac proclamou em Havana há dez anos. Reiteramos a solidariedade e o apoio ao presidente Lopez Obrador e ao seu governo, à Alicia Barcena [chanceler mexicana] e ao querido povo mexicano.", postou Rodriguez em seu perfil oficial no X nesta terça (9).

Defesa de Glas acusa prisão política

Após ser retirado da embaixada, Jorge Glas foi levado à prisão de La Roca. O político ligado à Revolução Cidadã chegou a ser hospitalizado no Hospital Naval em Guayaquil na segunda (8), mas teve alta e foi levado de volta à prisão nesta terça (9).

Em comunicado oficial, o Serviço Nacional de Atendimento Integral para Adultos Privados de Liberdade e Adolescentes Infratores (Sinai) disse que após passar por um período de observação, ele recebeu alta médica. "De acordo com avaliações realizadas, no momento, o cidadão apresenta parâmetros de saúde aceitáveis e dentro de uma faixa de normalidade, pelo que pode receber a alta médica correspondente".

Em uma conferência de imprensa nesta segunda (8) de hotel de Guayaquil, a equipe de defesa de Glas, formada por seis advogados, afirmou que não lhes foi permitido comunicar com o prisioneiro e disseram que ele é preso político. A defesa de Glas apresentou um pedido de habeas corpus, que será avaliado por três desembargadores da Câmara da Família, da Criança e do Adolescente do Tribunal Nacional.

 

 

Edição: Rodrigo Durão Coelho