O México apresenta nesta segunda-feira (8) denúncia na Corte Internacional de Justiça pela invasão à embaixada mexicana no Equador. A chanceler mexicana, Alicia Bárcena, classificou o caso como "sem precedentes" e afirmou que o ex-vice-presidente de Rafal Correa, Jorge Glas, continua sendo considerado um asilado político pelo governo mexicano.
Diante da iminente crise diplomática entre os países, Bárcena recebeu a delegação da embaixada mexicana no Equador e afirmou que o México não emitirá nenhum ultimato contra o corpo diplomático ou cidadãos equatorianos. "De nossa parte não estamos tomando nenhuma ação nem estamos exigindo que deixem as instalações no México", disse ela.
O retorno do corpo diplomático mexicano no Equador foi pedido do presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, que rompeu as relações diplomáticas com o Equador após a invasão do embaixada.
Policiais do Equador usaram a força para invadir a embaixada do México em Quito na sexta-feira (5) e prender o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas, que estava refugiado no local desde dezembro. A invasão ocorreu no mesmo dia em que o México concedeu asilo político a Glas, decisão que aprofundou a tensão diplomática entre os dois países.
A imprensa equatoriana mostrou a entrada de policiais na embaixada, enquanto integrantes das Forças Armadas acompanhavam a operação do lado de fora. Jorge Glas foi condenado a seis anos de prisão por corrupção em caso que envolve a Odebrecht e a Lava Jato brasileira.
O ex-vice de Rafael Correa foi condenado por desviar dinheiro público usado na reconstrução de cidades atingidas por um terremoto. Mas segundo a defesa, a acusação é fruto de lawfare - perseguição judicial - contra o ex-vice-presidente. Segundo a chanceler mexicana, a acusação por suposta corrupção de Glas no caso Odebretch "não estava vigente" e por isso ele segue sendo considerado um asilado político pelo governo mexicano, que rompeu relações diplomáticas com o Equador após o episódio.
Quem é Jorge Glas
O ex-vice-presidente Jorge Glas, preso na sexta-feira (5) durante uma invasão policial à embaixada do México em Quito, governou o Equador ao lado de Rafael Correa entre maio de 2013 e novembro de 2017, quando passou a enfrentar acusações de corrupção após uma guinada à direita no governo do país.
O político também foi vice-presidente no início do governo de Lenín Moreno, com o qual rompeu politicamente, o que motivou a sua expulsão do comando do país.
Na era Correa, Glas foi um dos principais líderes do projeto chamado "Revolução Cidadã", uma coalizão com partidos de esquerda e movimentos populares que ampliou direitos sociais e buscou romper com a política econômica neoliberal.
Nesse período, uma Assembleia Constituinte inseriu na Constituição equatoriana a garantia de direitos fundamentais, incluindo a população indígena, a promoção da cultura nacional e a valorização da soberania do país.
O Equador rompeu ainda com o Fundo Monetário Internacional (FMI), renegociou contratos de petróleo e protagonizou a integração no subcontinente na União de Nações Sul-Americanas (Unasul).
Edição: Rodrigo Durão Coelho