A população de Campo Largo, Região Metropolitana de Curitiba (RMC), foi surpreendida por um novo aumento na passagem de ônibus em janeiro deste ano. A tarifa já havia sido reajustada em agosto de 2023. No intervalo de cinco meses, a passagem saltou de R$ 4,25 para R$ 5,95.
De acordo com a prefeitura, o reajuste de 2023 foi feito para corrigir a inflação acumulada no período de junho de 2021 a maio de 2023, que seria de 16,1287%, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). À época, a passagem foi de R$ 4,25 (linhas urbanas e Ferraria) para R$ 4,95. O valor para titulares do Cartão Cidadão passou de R$ 4,15 para R$ 4,80.
Com a entrada de 2024, a prefeitura anunciou um novo reajuste, repassando aumento de R$ 1 à população. A justificativa para o novo aumento em tão pouco tempo, no entanto, causa estranheza.
A prefeitura alega que a Transpiedade, empresa que presta o serviço de transporte coletivo na cidade, apontou que a tarifa apresentava defasagem de 33,93% em comparação com a média dos valores praticados na Capital e RMC.
A partir desse dado, técnicos contabilistas e economistas do município analisaram o requerimento de revisão de valor e chegaram à conclusão de que o novo aumento era necessário para o "reequilíbrio da tarifa da passagem de transporte público referente aos períodos de 2021/2022 e 2022/2023". Ou seja, o mesmo período já compreendido no reajuste feito em 2023.
"O problema sério é que as empresas não comprovam os custos operacionais. O índice de inflação precisa ser confrontado com os custos", analisa Lafaiete Neves, especialista em Mobilidade Urbana e Transporte Coletivo. Para ele, o fato de haver mais de um reajuste anual aponta que possivelmente "há muita manipulação nos dados".
O Brasil de Fato Paraná procurou a Prefeitura de Campo Largo pedindo explicação sobre os cálculos usados para justificar dois aumentos em menos de um ano. Até a publicação desta matéria, não houve resposta.
A reportagem também abriu requerimento pedindo acesso ao contrato firmado com a Transpiedade e à planilha de custos do transporte coletivo na cidade. O prazo para resposta informado pela Ouvidoria da prefeitura era até segunda (19). No entanto, até o momento, o requerimento consta com situação "em análise", parado na Secretaria Municipal de Administração.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Pedro Carrano