Lideranças populares e sindicais de todas as regiões mineiras participarão de uma reunião em Belo Horizonte no próximo fim de semana para planejar a construção do Plebiscito Popular em Defesa das Estatais de Minas Gerais, previsto para acontecer entre os dias 19 de abril e 1º de maio.
A iniciativa tem o objetivo de contrapor as tentativas do governo do estado, sob gestão de Romeu Zema (Novo), de entregar à iniciativa privada empresas públicas que atuam em setores estratégicos, como saneamento, abastecimento hídrico e energia.
O Seminário de Formação de Formadores acontece das 9h de sábado (24) até às 14h de domingo (25), na Escola Municipal Belo Horizonte. Além de mesas de debate, oficinas e reuniões dos representantes dos municípios, o primeiro dia de encontro terá uma atividade cultural, a partir das 19h, no Mercado da Lagoinha. A expectativa é de que participem aproximadamente 400 lideranças. O evento é gratuito e as inscrições estão abertas neste link.
Auto-organização popular
No ano passado, o governador enviou à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que tem o objetivo de retirar a obrigatoriedade de realizar um referendo para vender a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e a Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig).
Além de debater sobre o atual momento político e o papel das empresas públicas no desenvolvimento do estado, o seminário privilegia a auto-organização popular para pensar as estratégias de enfrentamento das medidas neoliberais do governador.
"A ideia de construir um plebiscito popular nasceu de um conjunto de organizações, movimentos sociais, estudantes, sindicatos e servidores públicos, movimentos de diversas trajetórias, que já têm acúmulo de lutar por uma Minas Gerais mais justa, mais solidária e mais democrática. A gente entende que defender essas empresas públicas é defender o povo de Minas Gerais", explica Marina Oliveira, que integra a coordenação estadual do Plebiscito Popular em Defesa das Estatais.
Troca de experiências
Em setembro de 2023, aconteceu em São Joaquim de Bicas, na região metropolitana, o primeiro Seminário Estadual de Formação de Formadores do Plebiscito Popular em Defesa das Estatais de Minas Gerais. Desde então, aconteceram dezenas de plenárias locais, como parte do processo de construção da iniciativa.
Agora, no segundo seminário, a expectativa da comissão organizadora é ampliar ainda mais a capilaridade e construir as bases para que o plebiscito aconteça na maior parte dos municípios mineiros.
A professora Aline Maia, de Barbacena, é uma das lideranças que se deslocará para Belo Horizonte com o objetivo de participar do encontro no fim de semana. Para ela, o momento será privilegiado, uma vez que permitirá a troca de experiência entre pessoas de diferentes regiões do estado.
"É um estado só, mas são realidades diversas, e as estratégias que utilizamos para construir o diálogo com a população são também diversas. Então, é um momento de troca e de encontro. É muito potente a gente se reunir com objetivos comuns. Eu acho que teremos bons frutos", afirma Maia.
Por que defender as estatais?
Além de garantir o acesso à água, energia e ao saneamento para milhões de mineiros, as estatais cumprem um papel fundamental no desenvolvimento econômico e social de Minas Gerais.
Na avaliação do coordenador-geral do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria Energética (Sindieletro), Emerson Andrada, a movimentação do governo estadual deveria ser outra. Ao invés de vender as empresas, Romeu Zema deveria buscar fortalecê-las.
"Muito mais do que debater sobre a privatização das nossas empresas, nós precisamos debater de que forma o povo, por meio de seus representantes, podem recuperar o potencial de desenvolvimento que elas possuem", diz.
Ainda de acordo com Andrada, a Cemig é uma das empresas de energia elétrica mais importantes da América Latina, e a Copasa é uma empresa de saneamento exemplo para qualquer outra do setor devido a suas avaliações de qualidade .
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos do Estado de Minas Gerais (Sindágua-MG), Eduardo Pereira destaca a importância das empresas no combate a desigualdade.
"A Copasa e a Cemig são fundamentais para ajudar a corrigir as desigualdades regionais em nosso estado, porque elas praticam uma tarifa com subsídio cruzado. Isso significa que os recursos das cidades que dão muito lucro podem ser investidos naquelas que não dão lucro, corrigindo as desigualdades sociais", destaca.
Confira a programação completa do seminário
Sábado
7h30 - 8h: Chegada das delegações
8h - 9h: Café da manhã
9h - 12h: Debate sobre a conjuntura brasileira, mineira e a defesa das estatais
12h - 13h30: Almoço
13h30 - 16h30: Debate sobre como construir o Plebiscito Popular em Defesa das Estatais
16h30 - 16h50: Intervalo
16h50 - 18h: Reunião da comunicação e oficina de agitação e propaganda
18h - 19h00: Jantar/banho
19h - 00h00: Cultural
Domingo
8h - 9h15: Café da manhã
9h15 - 11h15: Debate sobre o planejamento do plebiscito nas regiões
11h15 - 11h35 - Encaminhamentos e calendário
11h35 - 12h30: Reunião das mulheres sobre o 8 de março
12h30 - 13h30: Almoço
14h: Arrumação do espaço e retorno das caravanas
Fonte: BdF Minas Gerais
Edição: Larissa Costa