Mobilização

Ato dos 40 anos do MST repudia violência no campo e relembra morte de indígena no sul da Bahia 

Nega Pataxó foi morta com um tiro disparado por um revólver de um filho de um fazendeiro no estado baiano

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Ato político celebrou os 40 anos do MST na Escola Nacional Florestan Fernandes - Priscila Ramos / MST

A tônica do ato de celebração aos 40 anos de existência do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foi marcada pelo repúdio à violência no campo e ao Movimento Invasão Zero, formado por ruralistas do país.  

O ato foi realizado na manhã deste sábado (27) na Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema, no interior de São Paulo, e contou com a presença de aproximadamente mil pessoas. Estiveram presentes, inclusive os ministros Silvio Almeida, dos Direitos Humanos; Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência; Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar; e Luiz Marinho, do Trabalho.

Como mostrou o Brasil de Fato, o grupo é acusado de usar táticas de milícia contra integrantes do MST na Bahia, espalhando terror entre centenas de famílias acampadas no sul do estado em uma fazenda que já tinha sido designada para a reforma agrária. A ocupação aconteceu durante a Jornada Nacional de Luta em Defesa da Reforma Agrária no ano passado, mobilização anual do MST em favor da redistribuição de terras.

“Essa milícia armada, por esse grupo armado, que está se firmando no Brasil e que precisamos investigar, que querem nos matar, que são contra a reforma agrária, que são contra os povos indígenas. Reforma agrária já. Demarcação já. Vamos continuar unificados na luta porque em a aluta não vamos conquistar nossos direitos que estão assegurados na Constituição Federal”, disse Dinaman Tuxá, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), durante o ato do MST. 


Maria de Fátima Muniz de Andrade, a Nega Pataxó, é a 31a indígena a ser assassinada dentro da TI Caramuru-Paraguassu desde 2012 / Comunicação - Teia dos Povos

O integrante da Apib citou o assassinato de Fátima Muniz de Andrade, conhecida como Nega Pataxó. No sul da Bahia, indígenas Pataxó Hã-hã-hãe relataram que a Polícia Militar (PM) abriu caminho para uma milícia rural atirar contra indígenas, incluindo idosos e crianças. O crime ocorreu no dia 21 de janeiro. 

Os próprios policiais também teriam efetuado disparos de arma de fogo, de acordo com as testemunhas. Depois, um laudo da Polícia Civil da Bahia confirmou que o tiro que matou Nega Pataxó partiu de um revólver de um fazendeiro da cidade.

Na mesma linha, Tayson Cordeiro, do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores Por Direitos (MTD), lembrou que o MST, juntos com os movimentos urbanos, atuou para que não houve despejo de famílias durante a pandemia de covid-19.

Edição: Vivian Virissimo