Diplomacia

Paquistão e Irã negociam trégua após ataques aumentarem tensão no Oriente Médio

Países vizinhos protagonizaram escalada bélica nesta semana, com ataques mútuos em regiões de fronteira

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Ataques ocorreram de ambos os lados da fronteira entre Irã e Paquistão nos últimos dias - BANARAS KHAN / AFP

Após ataques na fronteira, os governos do Irã e Paquistão iniciaram nesta sexta-feira (19) conversas diplomáticas na intenção de negociar uma trégua mútua e frear as tensões de temor de um conflito regionalizado no Oriente Médio.

Segundo o Ministério de Relações Exteriores do Paquistão, Jalil Abbas Jilani, o chefe da pasta, conversou nesta manhã por telefone com seu homólogo iraniano, Hossein Amirabdollahian, acerca da necessidade de que a crise entre os dois países não se agrave.

A conversa vem na esteira de uma disposição do Paquistão em desescalar a tensão, já que, na quinta-feira (18), o governo de Arif Alvi já havia iniciado uma proposta de negociação com seu vizinho. Após conversações, ambos os lados parecem sinalizar o desejo de manter a situação controlada.

Ataques fronteiriços 

Dois ataques foram registrados neste semana na fronteira entre os países. Na quarta-feira (17), o Paquistão disse que foi bombardeado pelo Irã, retaliando o ataque no dia seguinte, falando que foi tomado o máximo cuidado para atingir, na verdade, um grupo “terrorista” no território iraniano.

"O único objetivo do ato de hoje foi a própria segurança e do interesse nacional do Paquistão, que é primordial e não pode ser comprometido”, afirmou a chancelaria paquistanesa.

Já o Ministério das Relações Exteriores do Irã disse ainda na quinta-feira que estava comprometido com boas relações com o Paquistão, mas apelou a Islamabad para impedir o estabelecimento de “bases terroristas” no seu território.

O governo paquistanês não especificou onde ocorreu o ataque iraniano de terça-feira (16/01), mas a mídia local disse que foi perto de Panjgur, na província sudoeste do Baluchistão, onde os países compartilham uma fronteira de quase mil km. A chancelaria disse: “o Paquistão respeita plenamente a soberania e a integridade territorial da República Islâmica do Irã". Isso por que, os Estados partilham um inimigo comum em ambas as fronteiras: o Jaish al-Ad, um grupo étnico extremista, mas com tendências islâmicas sunitas que o Irã, principalmente xiita, vê como uma ameaça.  

Os ataques transfronteiriços somam-se as atuais crises em todo o Oriente Médio, com Israel travando uma guerra em Gaza e os rebeldes Houthi do Iêmen atacando navios comerciais no Mar Vermelho. O ataque iraniano ao Paquistão foi o terceiro bombardeio direto em solo estrangeiro em dois dias.