Diplomacia

Chanceler da Espanha encontra líder do HTS e reabre embaixada na Síria

Seguindo França, Alemanha e Itália, Madri retomou diálogo com Damasco, sob governo interino que derrubou Assad

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Espanha fechou embaixada em Damasco em março de 2012, um ano após o início da guerra civil no país - OMAR HAJ KADOUR/AFP

O ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, hasteou a bandeira de seu país na embaixada em Damasco nesta quinta-feira (16) e  adicionou Madri à lista de capitais europeias que estão retomando laços com a Síria após a queda do presidente Bashar al-Assad em 8 de dezembro.

A Espanha fechou sua embaixada em março de 2012, um ano após o início da guerra civil no país, na qual forças opositoras a Assad foram reprimidas pelo governo. O conflito vitimou cerca de 500 mil mortos e quase sete milhões de deslocados.

O hasteamento da bandeira "é um sinal da esperança que depositamos no futuro da Síria, do compromisso que transmitimos ao povo sírio para que tenha um futuro melhor", disse Albares na embaixada.

"Que a Síria tenha um futuro pacífico, inclusivo e próspero", no qual "todos os sírios que foram forçados a deixar seu país nos últimos anos possam retornar", acrescentou. "A Espanha estará ao lado da Síria do futuro", enfatizou.

Em um comunicado, a pasta disse que Albares se reuniria com representantes das novas autoridades sírias e da sociedade civil do país. Em cumprimento da agenda, Albares se encontrou com Ahmed al-Sharaa, cujo nome de guerra é Abu Mohamed al-Jolani, líder do grupo islamista Hayat Tahrir al-Sham (HTS), principal responsável por derrubar o governo Assad.

Antes da visita, Albares disse à Televisión Española que estava viajando com uma "mensagem de apoio" à nova Síria, embora com um aviso.

"A política externa da Espanha também tem linhas vermelhas, e essas linhas vermelhas indicam, antes de tudo, que o futuro da Síria tem de ser um futuro inclusivo, que garanta, naturalmente, os direitos das mulheres, assim como tem de garantir os direitos das minorias, sejam étnicas ou religiosas", disse o ministro.

Antes da visita à Síria, Albares esteve na quarta-feira (15) no vizinho Líbano, onde anunciou uma ajuda de 10 milhões de euros (R$ 62 milhões) para reforçar o Exército e manter a trégua alcançada no final de novembro entre Israel e o grupo de resistência pró-iraniano Hezbollah.

Nas últimas semanas, os novos líderes sírios, que formam um governo interino até março, receberam visitas de ministros das Relações Exteriores de vários países europeus, incluindo França, Alemanha e Itália.

Diplomatas dos Estados Unidos também foram ao país do Oriente Médio e retiraram a recompensa de prisão sobre Ahmed al-Sharaa de 10 milhões de dólares (R$ 60,7 milhões). O novo líder sírio foi ligado à Al Qaeda, classificado como "terrorista" pelo governo estadunidense.

*Com AFP
 

Edição: Leandro Melito