Enquanto Israel e Hamas acertam detalhes para a libertação da última leva de prisioneiros e reféns, no quarto e último dia de pausa nos conflitos e ataques, cresce a mobilização para que o acordo seja prorrogado, de modo que mais palestinos e israelenses possam voltar para casa em segurança, e que mais ajuda humanitária possa entrar na Faixa de Gaza.
“Meu objetivo é garantir que esta pausa continue além de amanhã (segunda, 27) para que possamos ver mais reféns liberados e mais ajuda humanitária”, afirmou neste domingo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
Nesta segunda, o apelo ganhou eco nas vozes de Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan, a aliança militar ocidental, e Josep Borrell, chefe de relações exteriores da União Europeia, entre outras autoridades envolvidas nas discussões.
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Ao que parece, existe nos dois lados do front uma disposição em prorrogar a pausa humanitária. Michael Herzog, embaixador israelense nos Estados Unidos, disse que se o Hamas tiver a intenção de libertar mais reféns, “então a pausa será prorrogada”. O Hamas declarou, em postagem na rede social Telegram, que está disposto a uma extensão para “aumentar o número de pessoas libertadas da prisão”.
O acordo que termina nesta segunda, além de determinar a libertação de 50 reféns israelenses em troca de 150 prisioneiros palestinos, prevê que a pausa pode ser estendida da seguinte forma: para cada 10 reféns adicionais libertados pelo Hamas, Israel passaria mais um dia sem atacar Gaza.
Porém, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, mostrou ambiguidade após uma conversa com Joe Biden. “Os dispositivos preveem a libertação de mais 10 reféns a cada dia e é uma bênção. Mas também disse ao presidente que depois do acordo, voltaremos ao nosso objetivo: eliminar o Hamas”. Nesta segunda, ele deve solicitar um “orçamento de guerra” de 30 bilhões de shekels (R$ 39 bilhões).
Quase 15 mil mortes em Gaza
A violenta resposta israelense no território palestino, alvo de bombardeios incessantes e de uma ofensiva terrestre desde 27 de outubro, já deixou 14.854 mortos, incluindo 6.150 menores de idade, segundo o Ministério da Saúde em Gaza, controlado pelo Hamas. Além disso, a Defesa Civil de Gaza calcula que 7 mil pessoas estão desaparecidas.
Apesar de 248 caminhões com suprimentos terem entrado em Gaza desde sexta-feira, quando a pausa entrou em vigor, a situação humanitária continua “perigosa” e as necessidades dos palestinos, “sem precedentes”, segundo a UNRWA, agência da ONU para refugiados palestinos. “Deveríamos enviar 200 caminhões por dia durante pelo menos dois meses para responder às necessidades”, declarou à AFP Adnan Abu Hasna, porta-voz da agência. Em algumas áreas, diz ele, não há água potável nem comida.
Nos últimos dias, foram realizados esforços para evacuar corpos de vítimas fatais do ataque israelense. Equipes de resgate coletaram 150 corpos das ruas, mas lhes faltam as ferramentas adequadas e combustível para cavar e retirar restos mortais presos sob escombros. Outra empecilho para chegar até os corpos, em muitas áreas da cidade de Gaza e do norte da Faixa de Gaza, é a presença de tropas israelenses, segundo Mahmoud Bassal, porta-voz da Defesa Civil Palestina em Gaza.
Resistência iemenita
A Marinha dos Estados Unidos impediu no domingo a tentativa de sequestro de um petroleiro pertencente a um bilionário israelense, que transitava próximo ao Iêmen no Golfo de Aden, segundo autoridades americanas e a empresa fabricante do navio. Cinco pessoas, todas armadas, foram detidas, conforme comunicado de imprensa.
O petroleiro M/V Central Park teria pedido socorro ao navio de guerra USS Mason e outras embarcações, que teriam iniciado uma perseguição aos “agressores”, que se renderam. A seguir, dois mísseis balísticos teriam sido lançados em direção ao Mason e ao Central Park a partir do território controlado pelos houthis no Iêmen. Eles caíram na água e ninguém ficou ferido.
Desde que Israel declarou guerra ao Hamas, alguns grupos se uniram à resistência palestina e têm realizado ataques contra o território e posições israelenses. O mais conhecido é o Hezbollah, no Líbano. Mas há também os houthis, um grupo rebelde apoiado pelo Irã que controla parte do Iêmen, incluindo a capital Sanaa. No início do mês, o porta-voz militar do grupo, Yahya Saree, confirmou que os houthis lançaram um “grande número” de mísseis balísticos e drones contra Israel e continuariam a bombardear o país “para ajudar os palestinos a vencerem” o conflito.
No domingo retrasado (19), os houthis sequestraram um navio de carga pertencente a um bilionário israelense no Mar Vermelho e sequestraram a tripulação. O grupo advertiu que continuaria a atacar navios ligados a Israel, ou que sejam propriedades de israelenses, até o fim da campanha de Israel contra o Hamas. Os houthis os consideram como “alvos legítimos”.
Com informações do Washington Post, Euronews e Folha de S.Paulo.
Edição: Leandro Melito