ORIENTE MÉDIO

'Resposta de Israel é muito semelhante ao 11 de setembro de 2001', diz Reginaldo Nasser

Professor da PUC-SP disse que ataque israelense é desproporcional e trágico

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Criança ferida no hospital Al-Nasr, após o bombardeamento israelense em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza. - AFP

No dia em que o conflito no Oriente Médio completou um mês (07/11), o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que não haverá nem combustível e nem cessar-fogo em Gaza sem a libertação de reféns, em pronunciamento televisionado. Também na terça-feira, o ministro da defesa de Israel, Yoav Galant, afirmou que as tropas israelenses já estão no coração da cidade de Gaza, e que o bunker onde líderes do Hamas estão escondidos está cercado. 

Nesta quarta-feira (08/11), Israel anunciou ter matado o chefe de desenvolvimento de armas do Hamas. Em meio a tudo isso, os ataques de Israel continuam vitimando a população civil. Segundo último levantamento do Ministério da Saúde de Gaza, 10.569 palestinos morreram, destes, 4.324, crianças. 

Nesta terça, o Crescente Vermelho palestino postou nas redes sociais que as vias que levam ao hospital Al-Kuds estão fechadas e que os arredores do hospital estão sendo bombardeados por Israel. Para comentar o tema o Central do Brasil de hoje conversou com Reginaldo Nasser, professor de Relações Internacionais da PUC-SP.

Nasser caracteriza a tensão no Oriente Médio como um conflito armado pela construção de um estado palestino. Ele explicou ainda que a extrema direita israelense quer que Gaza seja administrada e ocupada por Israel, mas que até o momento não há uma definição. “Também se cogita um amplo consórcio internacional para administrar o território com a participação principalmente dos países árabes, mas o fato é que ninguém tem plano.”

O especialista disse concordar com a relatora especial da ONU Francesca Albanese, que falou em entrevista ao jornal britânico The Guardian que a tentativa de Israel de destruir o Hamas vai fomentar o radicalismo na faixa de Gaza. “Não tenha dúvida, não só na faixa de Gaza, mas também na Cisjordânia. Então hoje se você chegar na Cisjordânia onde a Autoridade Nacional da Palestina tem o governo, a maioria das pessoas querem o Hamas, ou querem uma organização que o defenda porque a ideia é que os palestinos não têm Forças Armadas. A curto o prazo o Hamas, parece que tem todo apoio.”

Israel "faz o que quer", salientou o professor. “As resoluções da ONU são vetadas, essa é uma das maiores tragédias na história do século 21, então é uma situação muito difícil, porque a Palestina não tem apoio de estados.”

Na visão de Nasser, há um forte viés ideológico da grande mídia em apoio a Israel. “A mídia reflete algo, ela não cria. Por ser um conflito colonial, o preconceito e as questões racistas a gente tem visto aparecer muito. Apesar de todo esse aparato da mídia, no ocidente as pessoas estão indo para a rua e não são poucas.” 

Apesar das pessoas estarem nas ruas, não há repercussão nos governos e nem nos representantes, diz ele. “Pode ser que a médio prazo isso aconteça, mas a curto prazo não está tendo eco nos representantes para tomarem medidas mais concretas.”

Nasser avaliou também que a questão Palestina estava no “subsolo” e que o que ocorre agora já vinha acontecendo havia muito tempo, mas não na mesma intensidade.

“Os ataques bárbaros do Hamas em Israel chamaram a atenção num primeiro momento e a resposta de Israel é muito semelhante ao 11 de Setembro [de 2001], pela falta de proporcionalidade e pela generalização dos ataques. É uma tragédia, é um ponto de inflexão, até porque os países árabes que estavam muito alinhados com Israel e os Estados Unidos estão tendo uma tendência a se afastar.”

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Edição: Rodrigo Durão Coelho