Em um vídeo divulgado neste sábado (28/10), o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, não apenas expressou sua solidariedade aos milhões de palestinos que enfrentem a ofensiva das Forças de Defesa de Israel (IDF, por sua sigla em inglês) contra a Faixa de Gaza como cobrou dos líderes mundiais uma ação mais enérgica para frear os ataques de Tel Aviv.
“Repudiamos os assassinatos de pessoas inocentes como resultado da atual escalada, que ataca violentamente, sem distinção de etnia, origem, nacionalidade ou crença religiosa”, declarou o presidente cubano.
Díaz-Canel destacou que Cuba também se solidariza com “a dor pelo sofrimento das vítimas civis israelenses do conflito”, mas sublinhou que o seu país não aceita “uma certa indignação seletiva que procura ignorar a gravidade do genocídio que é perpetrado hoje contra os palestinos, apresentando o lado israelense como vítima e ignorando 75 anos de ataques, ocupação, abusos e exclusão”.
Crítica aos Estados Unidos
Em seguida, o mandatário da ilha socialista recordou o fato de que os Estados Unidos vetaram uma resolução do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que exigia um cessar-fogo na Faixa de Gaza.
“Nem mesmo nesta grave situação atual, o Conselho de Segurança foi capaz de tomar uma decisão para obrigar Israel a parar o massacre em curso. Os Estados Unidos vetaram naquele órgão uma proposta que simplesmente apelava a pausas humanitárias no confronto para permitir o acesso para ajudar Gaza. e garantir a proteção dos civis”, criticou Díaz-Canel.
A proposta mencionada pelo líder cubano foi apresentada pelo Brasil e votada no dia 18 de outubro, mas rechaçada apesar de contar com 12 votos favoráveis a apenas um contrário, dos Estados Unidos, que tem poder de veto.
O texto defendia uma pausa nos bombardeios para viabilizar o acesso humanitário a Gaza, a fim de socorrer os civis, condenava expressamente os “odiosos ataques terroristas” do Hamas e ressaltava que “os civis em Israel e no território palestino ocupado, incluindo Jerusalém Oriental, devem ser protegidos, de acordo com a legislação internacional”. Ademais, sugeria a criação de uma mesa de diálogo para negociar um acordo de paz permanente na região.
Nenhum desses argumentos sensibilizou os Estados Unidos, que votaram contra o texto alegando que ele não mencionava “o direito de autodefesa de Israel”. Seu único voto contra impôs o veto e impediu a aprovação da proposta.
Outros dois membros permanentes, Reino Unidos e Rússia, se abstiveram. Os 12 votos favoráveis à proposta brasileira incluíram os de dois membros permanente: China e França, além do próprio Brasil, autor do texto e país que exerce a presidência transitória do Conselho atualmente. Os outros nove votos foram de Albânia, Equador, Emirados Árabes Unidos, Gabão, Gana, Japão, Malta, Moçambique e Suíça.
Ao condenar a rejeição da proposta, Díaz-Canel acrescentou que “cada momento de inação e passividade custará mais vidas inocentes. Devemos agir imediatamente. Continuaremos a contribuir de todas as formas possíveis para legitimar os esforços internacionais que visam pôr fim a esta barbárie”. Em seguida, o mandatário enfatizou seu argumento dizendo que “a História não perdoará os indiferentes”.
Veja a íntegra do vídeo de Díaz-Canel sobre o conflito em Gaza: