Novos capítulos

Grupo Wagner continua recrutamento de mercenários para guerra da Ucrânia

Informações contradizem versão do Ministério da Defesa da Rússia de que o grupo paramilitar não atuaria mais na Ucrânia

Rio de Janeiro |
Chefe do grupo mercenário russo Wagner, Yevgeny Prigozhin, segura uma bandeira russa na frente de seus soldados em Bakhmut, em 20 de maio de 2023 - Telegram / Concord Group / AFP

O chefe do Comitê Estadual de Defesa da Duma, Andrei Kartapolov, declarou na última quarta-feira (29) que o chefe do grupo Wagner, Yevgueny Prigozhin, se recusou a cumprir a decisão do Ministério da Defesa de incorporar os mercenários do Wagner às tropas regulares russas através de contratos. 

Além disso, de acordo com Kartapolov, Prigozhin foi informado de que, se ele se recusasse a assinar as contratações com o Ministério da Defesa da Rússia, não receberia financiamento. Anteriormente, Kartapolov havia declarado que a Rússia precisa de uma lei que regule as atividades de empresas militares privadas. Ele enfatizou que o trabalho sobre este projeto de lei está em andamento. 

Ao se pronunciar sobre o futuro do Wagner após a rebelião no último sábado (24), o presidente russo, Vladimir Putin, enfatizou que os combatentes da organização têm a oportunidade de continuar servindo na Federação Russa a partir da assinatura de um contrato com o Ministério da Defesa ou outras agências de aplicação da lei. Ele observou que eles também poderiam voltar para suas casas ou "ir para a Bielorrússia".

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Na prática, isso faria com que o batalhão Wagner deixasse de operar na guerra da Ucrânia. No entanto, relatos dão conta de que o grupo estaria mantendo o recrutamento de novos mercenários para o conflito. A informação foi confirmada por publicações da BBC e do portal de jornalismo investigativo The Insider.  

Em ambas as apurações, jornalistas ligaram para as linhas diretas do grupo Wagner em diferentes cidades da Rússia, e nos centros de recrutamento de onde foi possível entrar em contato, representantes da organização disseram que "nada mudou"  e que o recrutamento está ocorrendo normalmente.

Em meados de junho, o ministro da Defesa, Serguei Shoigu, assinou uma lei segundo a qual todas as "formações voluntárias" russas, incluindo o grupo Wagner, deveriam concluir contratos com o Ministério da Defesa até 1º de julho. Yevgeny Prigozhin se recusou a assinar o acordo.

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De acordo com a publicação do The Insider, os recrutas são convidados a ir para o território de Krasnodar, para a fazenda Molkino, onde está localizada a base principal do Wagner, e de lá prometem ser distribuídos para a “zona do Distrito Militar do Norte”.

“Temos vagas na empresa - são unidades de assalto, uma das mais prestigiadas e bem pagas. Também tem comunicações, guerra eletrônica, artilharia, unidades de sapadores, blindados e outros. Ao chegar em nossa base, nossos especialistas irão entrevistá-lo e, dependendo de sua condição física, habilidades e conhecimentos, selecionarão junto com você a vaga mais adequada. Você também será examinado por nossos médicos. Depois de ser examinado pelos médicos, você parte para o campo de treinamento, onde fará um treinamento de três semanas. Depois disso, você fará uma viagem de negócios. Ao chegar em viagem de negócios, você também passará por mais duas semanas de treinamento e coordenação de combate”, disse o representante do Wagner ao jornalista.

Após a eclosão da rebelião no último fim de semana, os centros de recrutamento de mercenários abertos pelo grupo Wagner foram suspensos em várias cidades da Rússia. Mas depois que Prigozhin interrompeu a “marcha para Moscou” e recuou o seu batalhão de volta para as bases, muitos desses centros foram reabertos.

Edição: Patrícia de Matos