Conflito

Após rebelião, Putin exalta 'união' do povo russo e indica o futuro dos combatentes do Wagner

Presidente diz que paramilitares podem firmar contratos com o Ministério da Defesa da Rússia

Rio de Janeiro |
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, faz um pronunciamento em 24 de junho de 2023 em meio à rebelião dos combatentes do Wagner - Gavriil Grigorov / Sputnik / AFP

Vladimir Putin fez nesta segunda-feira (26) um novo pronunciamento sobre os desdobramentos do motim do grupo Wagner e apresentou sua versão dos eventos que pararam o país no último sábado (24). Em uma mensagem de vídeo de cerca de cinco minutos de duração divulgada nesta segunda-feira (26), o presidente russo agradeceu a "unidade e patriotismo" da sociedade civil russa e reiterou as acusações de "traição", sem citar o nome do líder do grupo paramilitar, Yevgueny Prigozhin. 

"Hoje, mais uma vez, apelo a todos os cidadãos da Rússia. Obrigado por sua resistência, unidade e patriotismo. Essa solidariedade cívica mostrou que qualquer chantagem, qualquer tentativa de criar tumulto interno está fadada ao fracasso [...] Houve uma consolidação da sociedade. Todos estavam unidos e reunidos pelo principal - a responsabilidade pelo destino da Pátria", afirmou. 

De acordo com o líder russo, "desde o início, foram tomadas decisões para neutralizar a ameaça, proteger a ordem, a vida e a segurança". 

"A rebelião teria sido reprimida de qualquer maneira. Os organizadores entenderam tudo isso, inclusive o fato de terem recorrido a atos criminosos, dividindo e enfraquecendo o país", destacou. 

O chefe de Estado também voltou os ataques para o governo ucraniano e o Ocidente, afirmando que a instabilidade interna é justamente o que "os inimigos da Rússia queriam".

"Os organizadores, tendo traído o país, o povo, traíram os que foram arrastados para o crime [...] Era precisamente esse resultado - fratricídio - que os inimigos da Rússia queriam: os neonazistas em Kiev, seus patronos ocidentais e todos os tipos de traidores nacionais. Eles queriam que os soldados russos matassem uns aos outros, para que militares e civis morressem, para que no final a Rússia perdesse e nossa sociedade se dividisse, sufocasse em sangrentos conflitos civis", continuou Putin.

Em relação aos mercenários do grupo Wagner que participaram do motim liderado por Yevgueny Prigozhin, Putin afirmou que a maioria dos combatentes do Wagner são "patriotas" e instou eles a fechar contrato com o Ministério da Defesa da Rússia. 

"Agradeço aos soldados e comandantes do grupo Wagner que tomaram a única decisão correta - não foram ao derramamento de sangue fratricida, pararam na última linha. Hoje vocês tem a oportunidade de continuar servindo à Rússia, firmando um contrato com o Ministério da Defesa ou outras agências policiais, ou de retornar para sua família e amigos. Quem quiser pode ir para a Bielorrússia. A promessa que fiz será cumprida", afirmou. 

Putin concluiu o pronunciamento agradecendo ao presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, "por seus esforços e contribuição para a resolução pacífica da situação".

Lukashenko foi responsável por mediar as negociações com Prigozhin no sábado (24), após as quais o chefe do Wagner anunciou o recuo dos seus combatentes e retorno às suas bases.  

Edição: Thales Schmidt