Disputas

Colômbia: Petro enfrenta protestos opositores em dia decisivo no Congresso

Legislativo encerra atividades nesta terça e só retorna no próximo mês; reformas do governo podem ficar travadas

Caracas (Venezuela) |
Governo tem dificuldades para aprovar reformas em meio à crise interna e embate com MP - Raul Arboleda/AFP

Centenas de pessoas de mobilizaram em diversas regiões da Colômbia nesta terça-feira (20) para protestar contra o governo do presidente Gustavo Petro. Cidades como Cali, Barranquilla, Medellín e a capital, Bogotá, registraram atos de manifestantes de direita, organizados por partidos opositores, que são contrários às reformas propostas pelo mandatário de esquerda.

Os protestos ocorrem em resposta ao governo, após Petro ter convocado marchas em todo o país no último dia 7 de junho para respaldar as reformas e pressionar o Congresso para que as aprove.

Em Bogotá, enquanto opositores se concentravam na Praça de Bolívar, os parlamentares deram início à sessão legislativa que deve ser decisiva para o governo. Isso porque esta terça-feira é o último dia útil do Congresso, que só voltará a se reunir em 20 de julho.

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Segundo deputados governistas, se o Congresso não avançar no debate das reformas de Petro, é possível que os projetos fiquem definitivamente travados. Em meio às incertezas, o governo cogitou convocar sessões extraordinárias durante o recesso, mas isso não garante êxito pois a reforma trabalhista, por exemplo, ainda não passou pela primeira discussão.

Nesta terça-feira, durante ato de formatura de forças policiais, Petro mencionou os protestos contrários a seu governo e disse que sua maior tarefa era "cuidar para que não aconteça nada com nenhum manifestante". "Essa é a expressão da força democrática, que aqui se possam expressar como queiram, sempre que se respeite a Constituição. Eu acredito que essa é a essência da democracia", disse.

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Crise interna e golpe 'suave'

As marchas contra Petro também chegam em um momento delicado internamente no governo. O último caso que ampliou a crise ocorreu no início do mês, quando o presidente exigiu a renúncia de sua chefe de Gabinete, Laura Sarabia, e do embaixador colombiano na Venezuela, Armando Benedetti, que havia coordenado sua campanha eleitoral. As demissões de Sarabia e Benedetti ocorreram em um contexto de ameaças trocadas por ambos que envolvem supostas escutas telefônicas, roubo de dólares e doações de campanha. 

Na mesma semana das revelações, o Ministério Público colombiano anunciou abertura de investigações, as quais foram respondidas pelo próprio presidente, dizendo que o governo não cometeu nenhuma irregularidade e que não aceitaria ser "chantageado". 

A crise só acirrou os atritos que Petro vinha tendo com o Procurador-geral da República, Francisco Barbosa, a quem o governo acusa de "parcialidade política" por ser indicado do ex-presidente de direita Iván Duque.

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O Ministério Público está movendo diversas ações judiciais contra membros do governo e deputados da base da coalizão governista Pacto Histórico. Intelectuais e lideranças políticas de diversas partes do mundo chegaram a publicar um manifesto denunciando os procedimentos da Justiça e os classificando como uma tentativa de "golpe suave" contra Petro.

Durante os atos convocados pelo governo, o próprio presidente chegou a chamar a tática de "golpe" e disse que o objetivo seria impedir a aprovação das reformas e prendê-lo. "Eles querem construir desconfiança nas bases populares com um primeiro objetivo de travar as reformas no Congresso e ajoelhar o Congresso ao grande capital. Um segundo objetivo, uma vez derrubada as reformas, eles pensam em [...] fazer o mesmo que fizeram no Peru, ou seja, levar o presidente à prisão e trocá-lo por um presidente que não foi eleito", disse à época.

Edição: Thales Schmidt