Memória e Justiça

Associação de Ex-Presos e Perseguidos Políticos do RS elege nova diretoria

Entidade luta pelos direitos dos anistiados e pela memória dos crimes praticados durante a ditadura militar

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Segundo Raul Carrion, o objetivo da associação é lutar pelos direitos dos anistiados, contra o esquecimento dos crimes praticados durante a ditadura militar - Divulgação: AEPPP/RS

A Associação de Ex-presos e Perseguidos Políticos do Rio Grande do Sul (AEPPP/RS) elegeu sua nova diretoria e os conselhos fiscal e deliberativo. Cerca de 100 pessoas participaram da assembleia geral, realizada na Sala Adão Pretto da Assembleia Legislativa do RS, na tarde de sábado (15).

A eleição se deu por aclamação, com chapa única e tendo 39 membros integrantes do Conselho Deliberativo. A diretoria, que tem como novo presidente Sérgio Bittencourt, terá mandato de dois anos.

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Em conformidade com o estatuto, a entidade formou a assembleia eleitoral, que foi presidida pelo ex-deputado estadual Raul Carrion, tendo como secretário Rodrigo Barbosa. Carrion salientou que a eleição da nova diretoria marca a retomada da luta pelos direitos dos anistiados e contra o esquecimento dos crimes praticados durante a ditadura militar, além de restabelecer a defesa do Estado Democrático de Direito contra as ações da extrema direita no Brasil e no mundo.


A eleição se deu por aclamação, tendo 39 membros integrantes no Conselho Deliberativo. A diretoria terá Sérgio Bittencourt (1° à direita) como presidente / Divulgação: AEPPP/RS

Conforme registrou o blog Esquina Democrática, a entidade passou por diversas dificuldades de organização, após o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff. Os governos de Michel Temer e de Jair Bolsonaro dificultaram o funcionamento dos movimentos de anistiados e de grupos que trabalham para recuperar a memória da ditadura.

Além disso, a pandemia e o assassinato, em 2021, do Capitão Wilson, que era presidente da AEPPP/RS, acabou por interromper os trabalhos e a entidade não renovou a sua direção.

A retomada das atividades contou com a presença de Peter Peng, que é natural da China e naturalizado brasileiro. Atualmente, Peng reside nos Estados Unidos e é o único membro do Conselho Deliberativo que reside fora do país. A ditadura subtraiu a documentação brasileira de Peter e o tratou como estrangeiro. Muitos anos depois, na Comissão da Anistia, Peter conseguiu reaver a nacionalidade brasileira.

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Além deste, os advogados Paulo Sérgio Turazza e Shigueru Sumida vieram de São Paulo para Porto Alegre exclusivamente para a reunião de sábado. Turazza afirmou que fez questão de estar presente na homenagem da Associação ao Capitão Wilson.

O encontro da AEPPP-RS foi marcado por duas homenagens: para o seu último presidente, o Capitão José Wilson da Silva, mais conhecido por "Tenente Vermelho", que foi assassinado em 10 de dezembro de 2021, e para Nilce Cardoso, ex-diretora da Associação.

Memória e políticas públicas

Durante o encontro, Jair krischke, um dos criadores do Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH), defendeu que as iniciativas de resgate das memórias da ditadura militar tenham o caráter de política pública, envolvendo a participação do Estado.

O ex-deputado e ex-prefeito de Porto Alegre Raul Pont, por sua vez, afirmou que o crescimento do fascismo e da extrema direita chegaram ao ensino e às escolas, colocando em disputa a versão do que realmente aconteceu e o que foi a ditadura militar no Brasil e que restabelecer a memória deste período é importante para que a sociedade jamais esqueça as atrocidades cometidas.  

Já o vereador de Porto Alegre e ex-deputado estadual Pedro Ruas lembrou que a capital gaúcha assumiu um papel de protagonismo no Movimento pela Legalidade. No entanto, Ruas criticou a ausência de referências sobre este fato histórico no conjunto da cidade. O vereador resgatou a disputa que se estabeleceu sobre um projeto de sua autoria que propunha a troca do nome da Avenida Castelo Branco para Avenida da Legalidade.

O encontro contou também com a presença da deputada estadual Laura Sito, que é presidenta da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do RS, e do vereador de Porto Alegre Giovani Culau. Também foram registradas as presenças de representantes do senador Paulo Paim, presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, da deputada estadual Bruna Rodrigues e da deputada federal Maria do Rosário.


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Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Katia Marko