Guerra na Ucrânia

Vazamento de documentos secretos dos EUA pode ter interrompido contraofensiva da Ucrânia

Grande vazamento de dados militares confidenciais dos EUA revelam suposta fragilidade das forças ucranianas

Rio de Janeiro |

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Unidades de tanques do exército ucraniano se dirigem para a linha de frente de Kherson em 18 de novembro de 2022. - Bulent Kilic / AFP

A Ucrânia alterou "alguns planos militares" devido ao vazamento de documentos secretos que descrevem o estado de suas Forças Armadas. A informação foi divulgada por uma fonte não identificada próxima ao presidente ucraniano Volodymy Zelensky, citada pela CNN. Trata-se do maior vazamento de documentos confidenciais dos EUA durante a guerra na Ucrânia. 

"A Ucrânia já mudou alguns de seus planos militares devido a vazamentos de informações", diz a fonte.

O vazamento de documentos militares e de inteligência dos EUA, datados do final de fevereiro e início de março, foram revelados na última semana e têm significativa parte dedicada à guerra na Ucrânia. O Pentágono chegou a reconhecer não oficialmente a legitimidade dos documentos. 

Composto de uma série de gráficos militares, com muitos sendo marcados como "ultrasecretos", o conteúdo dos relatórios vazados demonstra uma análise sobre as perdas sofridas por ambos os lados da guerra e sobre a vulnerabilidade militar de cada um deles. Em particular, é constatada uma conclusão sobre fragilidade do exército ucraniano e sua incapacidade de conduzir uma operação ofensiva em larga escala contra a Rússia.  

Através dos documentos é possível concluir que, no início de março, os dois exércitos em guerra estavam em más condições e operavam com forças relativamente pequenas. Não há muitos dados sobre as reservas militares russas, mas várias páginas são dedicadas à criação de dois corpos de choque das Forças Armadas da Ucrânia para uma contraofensiva. Os países do Ocidente estariam comprometidos ao treinamento e armamento de nove brigadas da Ucrânia. Todas as brigadas são formações recém-criadas.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, ao comentar sobre o vazamento, disse que Moscou já não tinha dúvidas sobre o envolvimento direto ou indireto dos Estados Unidos e da OTAN no conflito ucraniano.

Os documentos também mostram que o consumo de munição para os sistemas de defesa aérea ocidentais foi maior do que a capacidade da Otan de renová-los. Assim, a defesa aérea da Ucrânia poderia ficar sem munição em abril, dando vantagem às Forças Aeroespaciais Russas. Sem o rápido abastecimento dos sistemas fornecidos pelo Ocidente, a planejada contraofensiva ucraniana poderia ficar comprometida. 

O chefe da autodenominada República Popular de Donetsk, Denis Pushilin, disse que o Ocidente, criando ativamente um "tsunami de informações" em torno do tema do vazamento de documentos, está tentando "em vão nos enganar, mas devemos continuar trabalhando e não responder a provocações".

De acordo com líder da região separatista do leste ucraniano, "uma discussão ativa deste tópico pode ser a preparação da comunidade internacional para uma possível redução do apoio à Ucrânia às vésperas da divulgada contraofensiva das tropas ucranianas". 

Pushilin também observa que este vazamento "só pode afetar a posição dos Estados que ainda têm ilusões sobre o 'apoio à democracia' e os verdadeiros objetivos dos Estados Unidos no mundo. E deste lado, este é um desenvolvimento totalmente positivo", acrescentou.

Edição: Thales Schmidt