A Ucrânia alterou "alguns planos militares" devido ao vazamento de documentos secretos que descrevem o estado de suas Forças Armadas. A informação foi divulgada por uma fonte não identificada próxima ao presidente ucraniano Volodymy Zelensky, citada pela CNN. Trata-se do maior vazamento de documentos confidenciais dos EUA durante a guerra na Ucrânia.
"A Ucrânia já mudou alguns de seus planos militares devido a vazamentos de informações", diz a fonte.
O vazamento de documentos militares e de inteligência dos EUA, datados do final de fevereiro e início de março, foram revelados na última semana e têm significativa parte dedicada à guerra na Ucrânia. O Pentágono chegou a reconhecer não oficialmente a legitimidade dos documentos.
Composto de uma série de gráficos militares, com muitos sendo marcados como "ultrasecretos", o conteúdo dos relatórios vazados demonstra uma análise sobre as perdas sofridas por ambos os lados da guerra e sobre a vulnerabilidade militar de cada um deles. Em particular, é constatada uma conclusão sobre fragilidade do exército ucraniano e sua incapacidade de conduzir uma operação ofensiva em larga escala contra a Rússia.
Através dos documentos é possível concluir que, no início de março, os dois exércitos em guerra estavam em más condições e operavam com forças relativamente pequenas. Não há muitos dados sobre as reservas militares russas, mas várias páginas são dedicadas à criação de dois corpos de choque das Forças Armadas da Ucrânia para uma contraofensiva. Os países do Ocidente estariam comprometidos ao treinamento e armamento de nove brigadas da Ucrânia. Todas as brigadas são formações recém-criadas.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, ao comentar sobre o vazamento, disse que Moscou já não tinha dúvidas sobre o envolvimento direto ou indireto dos Estados Unidos e da OTAN no conflito ucraniano.
Os documentos também mostram que o consumo de munição para os sistemas de defesa aérea ocidentais foi maior do que a capacidade da Otan de renová-los. Assim, a defesa aérea da Ucrânia poderia ficar sem munição em abril, dando vantagem às Forças Aeroespaciais Russas. Sem o rápido abastecimento dos sistemas fornecidos pelo Ocidente, a planejada contraofensiva ucraniana poderia ficar comprometida.
O chefe da autodenominada República Popular de Donetsk, Denis Pushilin, disse que o Ocidente, criando ativamente um "tsunami de informações" em torno do tema do vazamento de documentos, está tentando "em vão nos enganar, mas devemos continuar trabalhando e não responder a provocações".
De acordo com líder da região separatista do leste ucraniano, "uma discussão ativa deste tópico pode ser a preparação da comunidade internacional para uma possível redução do apoio à Ucrânia às vésperas da divulgada contraofensiva das tropas ucranianas".
Pushilin também observa que este vazamento "só pode afetar a posição dos Estados que ainda têm ilusões sobre o 'apoio à democracia' e os verdadeiros objetivos dos Estados Unidos no mundo. E deste lado, este é um desenvolvimento totalmente positivo", acrescentou.
Edição: Thales Schmidt