Ronda Política

Exército punirá oficiais que comemorarem golpe, 5 siglas criam bloco de 142 deputados e mais

Uma das preocupações é um almoço organizado por oficiais da reserva, sob a alcunha de "Movimento Democrático de 1964"

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Na semana passada, as Forças Armadas determinaram que os oficiais filiados a partidos políticos façam a desfiliação - Pedro França/Agência Senado

O Exército irá punir os oficiais que celebrarem o golpe militar de 1964, conforme afirmou o comandante da força, o general Tomás Paiva, a interlocutores, segundo apuração da Folha de S. Paulo.

Uma das preocupações é um almoço que ocorrerá nesta sexta-feira (31), às 11h30, no Clube Militar do Rio de Janeiro, organizado por oficiais da reserva, sob a alcunha de "Movimento Democrático de 1964".

De acordo com o site do Clube Militar, o evento ocorrerá na Sede Esportiva Lagoa, "com a finalidade de comemorar o 59° aniversário do movimento democrático de 1964". Apesar de ser um encontro realizado por oficiais da reserva, é comum a participação de militares da ativa, uma vez que muitos são familiares.

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A decisão de Tomás Paiva se soma ao cenário construído pelo Ministério da Defesa, que tomou a posição de não emitir nenhum comunicado sobre a data a fim de evitar crises dentro do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na semana passada, as Forças Armadas determinaram, inclusive, que os oficiais filiados a partidos políticos façam a desfiliação.


Lula ao lado do general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, novo comandante do Exército / Ricardo Stuckert

De outro lado, o Ministério dos Direitos Humanos, sob a chefia de Silvio Almeida, organizou a "Semana do Nunca Mais" nesses últimos dias com o objetivo de preservar a memória, a verdade e a justiça acerca da ditadura militar.

Durante o evento, Almeida afirmou que "rechaçar os crimes e as violações de direitos humanos ocorridos na ditadura civil-militar brasileira não significa criticar as Forças Armadas, mas apontar para um período da história que todos, sem exceção, devem deixar para trás. E isso não se dará silenciando sobre este período, mas conhecendo-o profundamente para que não deixemos que se reproduza no presente, como hoje o faz por lamentáveis atos de violência e ameaças contra cidadãos e instituições democráticas".

Cinco siglas criam bloco de 142 deputados

Os partidos MDB, PSD, Republicanos, Podemos e PSC se juntaram e criaram um bloco partidário que reúne 142 dos 513 deputados federais, na última terça-feira (28), segundo apuração do Estadão. Até então, o Republicanos era aliado do PL de Jair Bolsonaro e do PP do presidente da Câmara Arthur Lira.

Com a nova formação, o poder de Lira sobre o Congresso pode ficar abalado, ainda mais se for levado em consideração que MDB e PSD fazem parte da base de apoio de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Lira, no entanto, sinalizou em suas redes sociais que recebeu com tranquilidade a notícia.

"Parabenizo os líderes do Republicanos, PSD, PSC, Podemos e MDB pela formação do bloco para atuação na Câmara dos Deputados. Sempre defendi a unidade para reduzirmos o número de partidos, fortalecendo-os e dando à sociedade confiança no nosso sistema partidário. Dessa forma, reafirmamos o compromisso com a democracia e o parlamento brasileiros", escreveu em seu perfil no Twitter.

Bolsonaro defende Salles para Prefeitura de SP e descarta Michelle à Presidência

Jair Bolsonaro (PL) defendeu o lançamento do deputado Ricardo Salles (PL-SP) para disputar a Prefeitura de São Paulo, cuja eleição ocorre no próximo ano, e descartou a candidatura de sua esposa Michelle para a Presidência da República em 2026.

Em entrevista à Jovem Pan nesta quinta-feira (30), o ex-presidente afirmou que prefere Salles a seu filho, o também deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para disputa paulistana. "Eu vejo que Ricardo Salles é mais experiente, mais vivido para isso. É o terceiro maior orçamento do Brasil, é uma cidade grande, com seus problemas e o Ricardo Salles conhece muito mais do que o Eduardo. Não estou descartando o Eduardo, não. Mas acredito que o Eduardo tem que ficar mais um tempo no Legislativo, para disputar um cargo no Executivo", disse.


Ex-ministro Ricardo Salles / Twitter/Ricardo Salles

Quanto à sua esposa, Bolsonaro disse que Michelle não tem experiência política o suficiente para se candidatar a um cargo eletivo. "Com todo o respeito, a senhora Michelle não tem essa vivência [política] para aguentar uma batida dessas", afirmou o ex-presidente.

Lewandowski oficializa antecipação e deixará STF em 11 de abril

O ministro Ricardo Lewandowski oficializou a sua saída do Supremo Tribunal Federal (STF) para o próximo dia 11. Até então, o magistrado permaneceria no cargo até 11 de maio, quando completa 75 anos, a idade limite para ministros do STF.


Voto do relator, Ricardo Lewandowski, foi acompanhado por todos os outros ministros / Nelson Jr./STF

O ofício de sua aposentadoria foi encaminhado à presidente do tribunal, a ministra Rosa Weber, na tarde desta quinta-feira (30). No mesmo dia, Lewandowski participou de sua última sessão. Na ocasião, afirmou que se dedicará a "compromissos acadêmicos e profissionais".

Marcos do Val confessa que agiu para "blindar" Bolsonaro contra Moraes

O senador Marcos do Val (Podemos-ES) confessou que manipulou o noticiário ao dar informações conflitantes sobre uma suposta tentativa de golpe para blindar Jair Bolsonaro (PL) do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em um vídeo divulgado pelo Metrópoles, do Val diz a uma apoiadora na saída da sede do PL que "não tinha golpe de Estado, nem nada". Ele confessa que falou a Bolsonaro que usaria uma reunião realizada com Moraes "para fazer uma ação para blindar" o ex-presidente. "Como ele é o relator do ato antidemocrático, quando eu coloquei ele [Moraes] para dentro do processo, ele não pode continuar a ser o relator. Tem que ser outro", concluiu.

No início de fevereiro, o congressista afirmou que foi coagido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pelo ex-deputado federal Daniel Silveira a dar um golpe de Estado. A estratégia seria gravar uma conversa com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para constrangê-lo e, assim, comprometer o resultado eleitoral.

Relembre: Marcos do Val muda versão e tenta tirar responsabilidade de Bolsonaro em trama golpista

Edição: Nicolau Soares