Ronda Política

Polícia pedirá vídeo que Tarcísio mandou apagar, ex diz que Pazuello debochou de Manaus e mais

Integrante da equipe do candidato mandou cinegrafista da Jovem Pan apagar vídeo do tiroteio de Paraisópolis

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Em um áudio, o cinegrafista da emissora afirmou que recebeu uma ordem da equipe de Tarcísio para apagar os vídeos após troca de tiros - Marcos Corrêa/PR

A Polícia Civil de São Paulo pedirá as gravações do tiroteio em Paraisópolis feitas por um cinegrafista da Jovem Pan. O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa fez o pedido depois de o jornal Folha de S. Paulo ter revelado que a equipe do candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) mandou a emissora apagar as gravações.

Em um áudio, o cinegrafista da emissora afirmou que recebeu uma ordem da equipe de Tarcísio para apagar os vídeos após a troca de tiros. "Você filmou os policiais atirando?", questionou um integrante da campanha ao cinegrafista. "Não, trocando tiro efetivamente, não. Tenho tiro da PM pra cima dos caras", respondeu o profissional. Em seguida, ouviu "Você tem que apagar". O cinegrafista acompanhava o candidato de Jair Bolsonaro (PL), que estava na região e teve sua agenda suspensa.


Tarcísio agachado durante troca de tiros em Paraisópolis / Foto: Divulgação

O advogado Ariel de Castro Alves, do grupo Tortura Nunca Mais, entrou com uma ação na Ouvidoria da Polícia para investigar a destruição das provas. "A versão de autoridades policiais investigativas de que alguém da comunidade poderia ter retirado a suposta arma que estaria em poder do homem baleado pelos policiais causa estranhamento, em razão da grande quantidade de agentes que estavam nas proximidades de onde a vítima foi baleada e morta", cita.

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) afirmou que o pedido da equipe de Tarcísio para apagar os vídeos "é claramente uma tentativa de censura e um atentado à liberdade de imprensa".

"Não há base legal para a ação dos membros da campanha do candidato. A Fenaj espera que o candidato venha a público manifestar-se em favor do livre exercício do jornalismo e informar a sociedade sobre as medidas tomadas no âmbito da sua campanha", diz a entidade em nota.

Ex de Pazuello diz que bolsonarista debochou do colapso da saúde em Manaus 

A ex-esposa do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello afirmou que o agora deputado federal debochou do colapso do sistema de saúde em Manaus, em janeiro do ano passado, quando cerca de 30 pessoas morreram por falta de oxigênio. Andrea Barbosa disse ainda que Pazuello estava "preocupado em comprar os sacos pretos" para enterrar as vítimas da covid-19.

Barbosa afirmou que tomou conhecimento do comportamento depois que a filha foi convidada para um jantar em clima de festa, em Manaus. Pazuello estava na capital do Amazonas para representar o Ministério da Saúde durante a segunda onda da doença. Quando a filha chegou ao local do jantar, teria pedido para ir embora ao perceber o clima de festa.


Ex-ministro da saúde, general Eduardo Pazuello / Edilson Rodrigues/Agência Senado

"Uma pessoa que estava lá fotografou e me mandou. Estava rolando uísque a solto aqui. A equipe do ministério estava regada a uísque. (...) Vocês noticiaram e eu vivenciei. Fui testemunha do que aconteceu em Manaus", disse Barbosa ao UOL.

:: Governo admite que sabia da falta de oxigênio oito dias antes do colapso em Manaus ::

O término do casamento ocorreu depois que Pazuello entrou na linha de frente em defesa da cloroquina ao lado de Jair Bolsonaro.  "O que eu mais pedi para ele foi para não entrar nisso", disse Barbosa. Mas Pazuello teria dito à ex-esposa: "Cala a tua boca. Você não sabe de nada, a gente vai mudar a bula da cloroquina".

Mendonça rejeita pedido para investigar Bolsonaro sobre caso das meninas venezuelanas  

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça rejeitou um pedido de investigação contra Jair Bolsonaro pelas declarações de cunho sexual referentes a jovens venezuelanas, nesta terça-feira (25).

Para o ministro, "não há elementos probatórios suficientes (justa causa) para autorizar a deflagração da persecução criminal", afirmou em sua decisão.

Mendonça afirmou ainda que "o Poder Judiciário não pode ser instrumentalizado pelas disputas político-partidárias ou mesmo ideológicas, dando revestimento jurídico-processual ao que é puramente especulativo e destituído de bases mínimas de elementos aptos a configurar a necessária justa causa para a persecução penal".

Os pedidos de investigação foram protocolados pela vereadora de São Paulo Erika Hilton (PSOL), pelos deputados federais Elias Vaz (PSB-GO) e Reginaldo Lopes (PT-MG), pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e pelo grupo de advogados Prerrogativas.

As ações associaram a Bolsonaro a suposta prática de crimes como abandono de incapaz, difamação, prevaricação e o de impedir ou dificultar que menores de idade abandonem a prostituição.


"Pintou um clima", disse Bolsonaro sobre meninas venezuelanas, em fala apontada como pedófila / Isac Nóbrega/PR

Para Mendonça, no entanto, "não há qualquer verossimilhança na suposição de que a ação presidencial, conforme os fatos trazidos, tenha, de alguma forma, facilitado a prostituição, impedido ou dificultado o seu abandono pelas jovens".

"Não há quaisquer elementos minimamente concretos, ou mesmo lógicos, a indicar na fala presidencial que algum ato de ofício tenha sido retardado ou deixado de ser praticado, sobretudo porque se exige, conforme basilar lição doutrinária, a demonstração do dolo específico do funcionário público ('para satisfazer interesse ou sentimento pessoal')."

A declaração de Bolsonaro foi feita em 14 de outubro, em entrevista ao podcast Paparazzo Rubro-Negro, no YouTube. "Eu parei a moto em uma esquina, tirei o capacete e olhei umas menininhas, 3, 4, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas em um sábado numa comunidade. E vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei. ‘Posso entrar na sua casa?’. Entrei. Tinham umas 15, 20 meninas, sábado de manhã, se arrumando. Todas venezuelanas. E eu pergunto: meninas bonitinhas de 14, 15 anos se arrumando no sábado para quê? Ganhar a vida", disse Bolsonaro na ocasião.

Augusto Nunes é afastado temporariamente da Jovem Pan 

O apresentador Augusto Nunes foi afastado temporariamente do programa "Os Pingos nos Is", da Jovem Pan depois que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vetou a emissora de classificar o ex-presidente Lula (PT) como "ladrão", "ex-presidiário", entre outros termos.


Augusto Nunes / Reprodução/TV Cultura

"Hoje, pressionada pelo TSE e por Lula, a direção de jornalismo da Jovem Pan dispensou-me dos Pingos até segunda que vem. Continuarei dizendo o que penso na Oeste", afirmou Augusto Nunes em seu perfil no Twitter.

"Autorizado pelo vídeo em que o TSE negou a existência de censura da Jovem Pan, reafirmei no programa de ontem 4 expressões proibidas: ladrão, ex-presidiário, descondenado e amigo de ditadores", disse ainda.

Edição: Nicolau Soares