A candidata a deputada federal Adriana Accorsi e o candidato a deputado estadual Mauro Rubem, ambos do PT em Goiás, foram alvos de intimidação durante uma ação de panfletagem na Feira da Vila Redenção, em Goiânia, na manhã deste domingo (4).
De acordo com a assessoria de imprensa de Accorsi, a candidata, Rubem e a equipe que estava no local foram surpreendidos por um homem que, além de insultá-los, teria feito críticas contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato à Presidência, e se manifestado de maneira favorável ao presidente Jair Bolsonaro (PL), que concorre à reeleição.
A assessoria informou ainda que o homem chamou os integrantes da equipe de “vagabundos” e tentou expulsá-los do local. Na sequência, ele teria apontado uma arma de fogo em direção aos petistas. Neste momento, a Polícia Militar foi acionada e, em seguida, um boletim de ocorrência foi registrado. Segundo a assessoria, o homem fugiu do local antes de a PM chegar.
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Accorsi classificou o ocorrido como um "um episódio lamentável". "Estávamos lá de forma muito tranquila falando sobre a candidatura do presidente Lula e as nossas candidaturas, quando fomos agredidos brutalmente por esse indivíduo. Eu fiquei preocupada que aquilo se transformasse em um episódio de maior violência e chamei os meus apoiadores para que saíssemos do local", relatou Accorsi ao Brasil de Fato.
"Mas, nesse momento que estávamos saindo, apoiadores nossos foram ameaçados de morte com arma de fogo em punho por parte desse indivíduo. Nesse momento, eu voltei, chamei todos para sair imediatamente e acionei a Polícia Militar. Mas quando a polícia chegou ele havia evadido do local", relata.
Para a candidata, se trata de "mais um episódio de extrema violência política grave e covarde que atinge a todos e a democracia brasileira, faz com que tantas pessoas não consigam expressar o seu pensamento, expressar sua decisão política. Isso é lamentável porque é um retrocesso para a democracia brasileira".
Na mesma linha, Mauro Rubem afirmou que "essas ameaças são uma estratégia eleitoral política para intimidar quem está hoje pedindo voto para o time do Lula e, com isso, alterar o resultado da eleição".
"Nós temos que repudiar e condenar todas essas ameaças, porque um despreparado como esse tira arma não somente por questões eleitorais, mas também para qualquer contestação. Por isso, nós temos que fazer uma campanha cada vez mais forte e ter cuidado, mas não recuarmos diante dessas ameaças", concluiu Rubem.
Para Accorsi, não é o primeiro episódio de violência política. No começo de agosto, a deputada estadual e sua família sofreram ameaças de morte pela internet. Em uma de suas publicações, um homem, cujo perfil tem uma foto ao lado de Jair Bolsonaro, escreveu: "quero saber o dia do seu velório".
Antes, em novembro de 2020, a deputada recebeu mensagens como “Eu sei que você não tem treinamento tático e sua família é fácil ser encontrada” e “Comunista, já comprou caixão da Verônica e da Helena?”, referindo-se às filhas da deputada, chegaram até Accorsi.
Na ocasião, a parlamentar notificou a Ouvidoria da Mulher do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) e a Polícia Civil. Á época, a polícia informou que a ocorrência foi registrada e que a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos (DERCC) “acompanha o caso e investiga autoria e circunstâncias do crime”. Este caso que está prestes a completar dois anos terá um julgamento final no próximo mês.
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O Brasil de Fato entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública de Goiás para saber quais medidas foram tomadas diante do ocorrido deste domingo. Mas, até o momento, não houve retorno.
Violência política
O caso de violência política contra Accorsi e Rubem não é um evento isolado. Um levantamento produzido pela UniRio mostrou que os casos de violência política aumentaram 335% no Brasil no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2019. Foram 214 registros do tipo entre janeiro e junho de 2022 e 47 casos nos mesmos meses em 2019.
Entre as ameaças registradas pelo Observatório da Violência Política e Eleitoral da universidade, estão ameaças, homicídios, atentados, homicídios de familiares, sequestros e sequestro de familiares de lideranças políticas.
Um dos casos mais marcantes foi o assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda, tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu (PR). Ele foi morto a tiros pelo agente penal José da Rocha Guaranho, que é explícito apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), como deixa claro em suas redes sociais.
Edição: Rodrigo Durão Coelho