A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) acionou a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o Conselho de Ética da Câmara contra o tenente-coronel Zucco (Republicanos-RS), presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
O congressista fez uma fala machista e gordofóbica direcionada à deputada do PSOL, oferecendo, em tom de deboche, um remédio para se acalmar ou um hambúrguer. "A senhora pode, também, daqui a pouco, tomar qualquer atitude, ficar mais calma. A senhora está nervosa, deputada? Quer um remédio ou quer um hambúrguer?", disse Zucco em sessão da CPI nesta quinta-feira (3).
Machismo e gordofobia
— Brasil de Fato (@brasildefato) August 3, 2023
O presidente da #CPIdoMST, Tenente Coronel Zucco, insinuou que a deputada federal @samiabomfim (PSOL-SP) precisaria de um "remédio" ou de um "hambúrguer" por supostamente estar nervosa.
Sâmia e a colega @taliriapetrone (PSOL-RJ) reagiram à fala. pic.twitter.com/BVrVunzJm5
A assessoria de imprensa afirmou que o fato será juntado a um inquérito já aberto na PGR acerca de outros episódios em que Zucco praticou violência política de gênero na CPI. No total, o presidente da comissão desligou 25 vezes o microfone de Sâmia enquanto a deputada falava.
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Em outra ocasião, Zucco mandou Sâmia ficar "calada" e "respeitar os demais deputados", acusando-a de não deixar os outros parlamentares falar. "Qual é o seu objetivo, deputada Sâmia? Quer que eu encerre a sessão? Fique calada e respeite os demais deputados", ameaçou Zucco.
O presidente da CPI também permitiu que o deputado General Girão (PL-RN) também fizesse declarações "misóginas e absurdas" contra Sâmia, na visão do PSOL. O parlamentar disse em referência à deputada que "ela acha que, por ser mulher, não pode ser interrompida" e que respeitava as mulheres "responsáveis pela procriação e harmonia da família".
Em outro momento, o relator da CPI, o deputado Ricardo Salles (PL-SP) disse que a deputada estava se vitimizando e sugeriu uma representação conjunta contra a deputada. "Sempre que esta deputada quer se vitimizar diz que é interrompida, então esse momento precisa ficar registrado", afirmou o ex-ministro do governo Bolsonaro.
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Para Sâmia, "isso só corrobora com a desmoralização dessa comissão que, em vez de criminalizar o [MST] como eles pretendiam, só tem acumulado episódios de abuso de autoridade e violência política de gênero. Por esse crime, aliás, ambos já respondem a inquérito na PGR e essa agressão de hoje será aditada aos autos do processo, assim como à representação que o PSOL protocolou contra Zucco no Conselho de Ética da Câmara”, disse à Revista Fórum.
Zucco, por sua vez, afirmou que o objetivo das deputadas Sâmia Bomfim, Fernando Melchionna (PSOL-RS) e Talíria Petrone (PSOL-RJ) é "interromper trabalhos, fazer provocações baixas e desrespeitosas com seus colegas para, no final, posarem de vítimas apenas pelo fato de serem mulheres", disse ao UOL.
Edição: Rodrigo Chagas