Vigilância

Ex-funcionário da CIA é condenado à prisão por vazar dados ao WikiLeaks

Joshua Schulte teria compartilhado informações sobre escopo de ferramentas de espionagem da CIA

São Paulo (SP) |
EUA afirma que Schulte teria agido por ressentimento
EUA afirma que Schulte teria agido por ressentimento - L. Downing / Reuters

O ex-engenheiro da CIA, Joshua Schulte, foi condenado nos Estados Unidos após "um dos atos de espionagem mais descarados e prejudiciais da história americana", na definição do Departamento de Justiça dos EUA. Schulte teria sido a fonte dos arquivos Vault 7 publicados pelo WikiLeaks em 2017, que divulgaram como a inteligência estadunidense perdeu o controle de ferramentas de invasão de computadores, celulares e televisões. De acordo com o New York Times, em notícia de 2018, ele desenvolvia programas que invadiam computadores de alvos dos EUA. 

De acordo com informações da Al Jazeera, Schulte tem 33 anos e foi condenado a "décadas" atrás das grades por um júri em Nova York que o considerou culpado de oito acusações de espionagem e uma de obstrução da justiça. Ele havia sido preso pela primeira vez em 2017 por acusações de pornografia infantil não ligadas ao vazamento, ainda de acordo com o New York Times. Ele foi liberado após pagar fiança, mas voltou para a prisão após o judiciário revogar sua liberdade provisória. A promotoria só o ligou publicamente ao vazamento do WikiLeaks pela primeira vez em junho de 2018.

O Departamento de Justiça dos EUA afirma em nota que o engenheiro vazou os documentos por "ressentimento" e que seu vazamento teve um efeito "devastador".

Documentos e informações do Vault 7 podem ser consultados no site do WikiLeaks. De acordo com a publicação, a comunidade de espionagem dos EUA perdeu o controle de ferramentas de espionagem desenvolvidas pela CIA. Essas ferramentas incluem programas capazes de invadir até mesmo televisores da Samsung e transformá-los em microfones.

De acordo com reportagem do Yahoo News publicada em 2021, o vazamento do Vault 7 teria irritado o governo dos Estados Unidos. O então diretor da CIA, Mike Pompeo, teria dado início à elaboração de planos para sequestrar ou matar o jornalista Julian Assange, um dos diretores do WikiLeaks, que na ocasião estava na embaixada do Equador em Londres. Inclusive, no início de junho a Suprema Corte da Espanha, recorrendo a uma jurisdição internacional, requisitou que Pompeo testemunhasse sobre o caso

O Reino Unido autorizou a extradição de Assange para os Estados Unidos, onde ele enfrenta acusações de espionagem, formuladas com base em uma lei de espionagem da Primeira Guerra Mundial, que podem somar 175 anos de prisão. A defesa do jornalista ainda recorre da decisão para evitar o envio do jornalista aos EUA.

Edição: Arturo Hartmann