A campanha para libertar Julian Assange se intensificou nas últimas semanas após a decisão da secretária do Interior do Reino Unido, Priti Patel, de aprovar o pedido de extradição dos Estados Unidos. O cofundador e editor do WikiLeaks está detido na prisão de segurança máxima de Belmarsh nos últimos três anos e meio, preso em um limbo ilegal, enquanto passa por um processo de extradição no Reino Unido. Os EUA pretendem julgar Assange sob 18 acusações diferentes, 17 das quais estão sob a infame Lei de Espionagem, e juntas têm uma sentença máxima de 175 anos de prisão.
A perseguição de Julian Assange pelos EUA e seus aliados foi recebida com forte reação das forças progressistas em todo o mundo. Grupos de liberdade de imprensa e campanhas como Artigo 19, Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Federação Internacional de Jornalistas, Não Extradite Assange e outros têm lutado pela libertação e anistia de Julian Assange desde o início da perseguição contra ele. Movimentos populares e sindicatos que fazem parte da Assembleia Internacional dos Povos, como
o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Brasil, o Movimento Socialista de Gana (SMG), a União Nacional dos Metalúrgicos da África do Sul (NUMSA) e outros, também saíram às ruas e mídias sociais para mobilizar seu apoio a Julian Assange e defender o direito de dizer a verdade sobre os crimes do imperialismo.
O apoio a Assange não veio apenas da sociedade civil. Políticos proeminentes de todo o mundo também desafiaram as ações do governo dos EUA em relação a Assange e ao precedente que ele estabelece em relação à liberdade de imprensa globalmente.
Em 6 de julho, o parlamento alemão votou a favor de uma petição condenando "nos termos mais fortes possíveis a tortura psicológica do jornalista Julian Assange e o ataque associado à liberdade de imprensa na Alemanha e na Europa". Na mesma semana, o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador afirmou em um de seus discursos matinais que discutiria o caso de Julian Assange com seu homólogo estadunidense, Joe Biden, durante sua visita a Washington em 12 de julho e declarou: “Se (Assange) for levado para os Estados Unidos e ele for condenado a uma sentença máxima para morrer na prisão, nós devemos iniciar uma campanha para derrubar a Estátua da Liberdade que os franceses lhes deram... porque ela não será mais um símbolo de liberdade”.
Essas palavras inspiraram o cartunista político do Brasil, Carlos Latuff, a expressar mais uma vez sua solidariedade ao seu amigo e colega, Julian Assange. Ele desenhou a famosa Estátua da Liberdade dizendo ao presidente dos EUA, Joe Biden, para "retirar as acusações" e "Liberte Assange agora!"
A Peoples Dispatch falou com o cartunista de renome mundial sobre por que ele fez o design e por que ele se solidariza com Assange.
Peoples Dispatch: O que o motivou a criar esta imagem?
Carlos Latuff: Fui motivado pela solidariedade com o grande jornalista [Julian Assange], com quem tive a grande satisfação de me encontrar em Londres em 2012.
PD: Você acompanha o caso de Julian Assange há algum tempo. Por que você acha que é tão importante defendê-lo e por que você foi à Embaixada do Equador para falar com ele?
CL: Eu fiz muitos cartuns para o site WikiLeaks que ele criou. O jornalismo investigativo de Assange trouxe à tona os crimes de guerra dos EUA no Iraque e o WikiLeaks, com seus "vazamentos", expôs questões que diferentes governos do mundo não querem que o público saiba. Defender Assange é defender a liberdade de expressão e de imprensa. Eu queria mostrar meu apoio a ele pessoalmente. Fui convidado para um evento em Londres em 2012 e aproveitei a oportunidade para visitá-lo na Embaixada do Equador. Foi uma boa conversa e eu fiz um desenho para ele imediatamente. Foi uma reunião emocionante que vai ficar guardada na minha memória pelo resto da minha vida.
PD: O que o caso de Julian representa para o mundo e especialmente para os jornalistas, cartunistas e artistas? Como mais pessoas podem contribuir para a luta internacional em defesa de Assange?
CL: Assange não representa apenas jornalistas e ativistas, mas também artistas que enfrentam o medo da repressão e da censura através das linhas que traçam. Todos os artistas que estão de alguma forma cientes do que Assange representa devem se juntar à luta por sua liberdade.
Traduzido por: Flávia Chacon