Esta terça-feira (5) amanheceu com o travamento simultâneo das rodovias Régis Bittencourt, em São Paulo, Presidente Dutra, no Rio de Janeiro e BR 101, em Recife. Sob o mote "Não somos invisíveis", os protestos buscam denunciar a precariedade das condições de trabalhadores informais, a exploração praticada por empresas de aplicativos e a inoperância dos governos em construírem políticas públicas de proteção e redistribuição de renda.
"Faz parte de uma iniciativa nossa contra a invisibilidade dos trabalhadores informais nesse país", explica Severino Alves, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Direitos (MTSD), que organiza os atos.
Essa foi a primeira ação de maior impacto do MTSD que, impulsionado pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), foi lançado no último 4 de maio, em frente ao Teatro Municipal de São Paulo.
A entidade busca organizar ambulantes, costureiras, diaristas, manicures, trabalhadores de apps, da construção civil e demais pessoas que sobrevivem com serviços informais, com o objetivo de lutar por melhores condições de trabalho.
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O emprego no Brasil
Atingindo cerca de 10,6 milhões de pessoas, o desemprego caiu no país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de ser a primeira vez em seis anos que a porcentagem da população desempregada, equivalente a 9,8%, não está na casa dos dois dígitos, o rendimento médio do trabalhador é 7,2% menor do que o de um ano atrás.
Além disso, grande parte dos postos de trabalho que estão jogando para baixo o índice de desemprego são aqueles sem garantias trabalhistas. Entre os 97,5 milhões de brasileiros ocupados, 39,1 milhões estão no chamado "mercado informal". Isso representa cerca de 40% de todas as pessoas que estão trabalhando.
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"Longas jornadas, baixos salários, nenhuma garantia de direitos historicamente conquistados e o aumento constante dos preços de insumos básicos têm fragilizado as pessoas cada vez mais", descreve nota do MTSD.
Os dados explicam porque, a despeito da diminuição do desemprego, o Brasil vive atualmente com 58,7% da sua população em insegurança alimentar. De 2020 para 2022, saltou de 19 milhões para 33,1 milhões a quantidade de pessoas passando fome no país.
"As realidades a que estão submetidas as pessoas que estão na informalidade são de precarização, ausência de direitos previdenciários e de garantias mínimas de renda", descreve Severino, para quem se faz "necessária uma denúncia política de que os governos precisam ter um comprometimento com essa situação".
Edição: Nicolau Soares