O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro foi alertado por seus assessores sobre o perigo que os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos representavam para a pasta. Os mesmos funcionários, mais tarde, pediram demissão devido à inação de Ribeiro diante dos avisos. A informação é de um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), publicado em 23 de maio deste ano, sobre supostas irregularidades na gestão de Milton Ribeiro.
Em depoimento ao órgão, Albério Júnio Rodrigues de Lima, então assessor do gabinete de Ribeiro, afirmou que “passou a alertar o ministro quanto ao comportamento ‘estranho’ da dupla e a frequência inusual e desarrazoada com que compareciam àquela repartição pública”. Segundo Lima, responsável por receber os pastores na pasta, Arilton Moura “vivia” no prédio do Ministério e chegava até mesmo a atrapalhar o trabalho dos funcionários. “Nenhuma outra pessoa ou autoridade esteve naquelas dependências com a frequência do pastor Arilton”, disse.
Outros servidores ratificaram o depoimento de Lima: Marcelo Mendonça, chefe da assessoria para assuntos parlamentares, Mychelle Rodrigues de Souza Braga, chefe da assessoria de agenda do gabinete de Milton Ribeiro, e Juliana Gonçalves Melo, também assessora do gabinete. De acordo com os assessores, os reverendos eram colocados no mesmo patamar que “porta-vozes” do Ministério, com o apoio de Ribeiro. Braga ainda disse os pastores tinham a prerrogativa, assim como parlamentares, de solicitar agenda com o ex-ministro para prefeitos.
Em um desses episódios, o Ministério da Educação recebeu um pedido para falar com o “assessor chamado Arilton Moura” para tratar da construção de uma escola perto do Distrito Federal. Após o ocorrido, assessores sugeriram a Ribeiro a restrição do acesso de Moura à pasta “ou até mesmo [que] deixasse de recebê-lo”. O pedido, no entanto, surtiu efeitos apenas no curto prazo. Depois de alguns meses, Moura voltou a ser recebido na casa do ex-ministro e nas dependências do Ministério.
O caso também chegou à Assessoria Especial de Controle Externo da pasta, que sugeriu a suspensão de “toda e qualquer” interlocução com o pastor Arilton e a possibilidade de exoneração dos funcionários indicados pelo pastor. Um desses funcionários era gerente de projeto na secretaria-executiva da pasta, Luciano de Freitas Musse. Segundo o relatório da CGU e um parecer do Ministério Público Federal, Musse estava diretamente envolvido na mediação no esquema de propina entre os pastores e prefeitos para a liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
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Apesar de ter acatado a indicação de Musse ao cargo, o então secretário-executivo e agora ministro Victor Godoy Veiga afirmou à CGU que o desejo de Ribeiro era trazer Arilton Moura para o quadro de funcionários da pasta. A Casa Civil, entretanto, barrou o nome do pastor, cujo processo de indicação havia começado em novembro de 2020. Em abril de 2021, Musse foi nomeado gerente de projeto.
Milton Ribeiro foi solto em 23 de junho, depois que o juiz federal Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), revogou a prisão preventiva do ex-ministro e dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Eles haviam sido presos preventivamente dois dias antes pela Polícia Federal no âmbito da Operação Acesso Pago, que apura o esquema de corrupção no Ministério.
Márcio de França para o Senado?
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) encontrou-se nessa sexta-feira (24) com Márcio França (PSB-SP) para discutir a retirada de sua candidatura ao governo do estado. Pelo acordo, França disputaria o Senado, abrindo espaço para o apoio do PSB paulista à candidatura de Fernando Haddad (PT), que lidera as intenções de voto no momento.
Segundo informações da colunista Andrea Sadi, no G1, o anúncio da mudança de rumo é esperado para esa segunda-feira. Se consumada, a aliança permitiria a participação direta do vice de Lula e ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSB) na campanha de Haddad, o que pode ter peso relevante no interior do estado, onde o PT é historicamente mais fraco. O acordo também resolveria um dos principais nós da aliança nacional entre PT e PSB, restando ainda disputas no Rio Grande do Sul e Espírito Santo.
A informação, no entanto, vai em sentido contrário de declarações do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira. Em entrevista ao Valor Econômico nesta segunda-feira (27), ele afirmou considerar muito difícil que o PT eleja o governador em São Paulo.
“O que penso é que o PT disputa o governo de São Paulo desde que foi fundado. Nem mesmo no melhor momento, no prestígio mais alto do presidente Lula, conseguiram eleger o governador de São Paulo”, disse Siqueira à publicação. “É claro que não diria que é impossível, mas é muito difícil eleger uma candidatura do PT”, defendeu, em uma linha de argumentação semelhante à defendida por Márcio França.
Ainda segundo Sadi, o PT também teria avançado na costura para ter Marina Silva (Rede) como vice de Haddad. O acordo, no entanto, esbarra em disputas com o PSOL, parceiro da Rede em uma federação partidária.
Braga Netto vice de Bolsonaro
Em meio às denúncias de corrupção em seu governo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou que o general Braga Netto (PL) deve ser o candidato a vice na sua chapa nas eleições deste ano, na noite deste domingo (26), em entrevista ao programa 4x4.
“Pretendo anunciar nos próximos dias o general Braga Netto como vice. Temos outros excelentes nomes, como o da Tereza Cristina. O general Heleno [Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência] quase foi meu vice lá atrás. (…) Vice é só um. Gostaria que pudesse indicar dez, daí não teria problemas”, afirmou.
“Foi interventor por um ano aproximadamente no Rio de Janeiro, veio para o nosso governo, pegou a difícil missão da Casa Civil durante a pandemia, foi para o Ministério da Defesa e se desincompatibilizou para poder ficar livre aí para disputar um cargo eletivo. Então, é uma pessoa que eu admiro muito”, concluiu o presidente que, pouco tempo depois, publicou uma foto ao lado de Braga Netto com bandeiras do Brasil na legenda.
Provas contra Bolsonaro
O ex-presidente da Petrobras Roberto Castello Branco disse que o celular corporativo que devolveu à empresa contém material que pode incriminar o presidente Jair Bolsonaro (PL), segundo apuração do Metrópoles. A declaração foi feita em um grupo de economistas em resposta a Rubem Novaes, ex-presidente do Banco do Brasil, para quem Castello Branco ataca o atual governo.
“Se eu quisesse atacar o Bolsonaro não foi e não é por falta de oportunidade (sic). Toda vez que ele produz uma crise, com perdas de bilhões de dólares para seus acionistas, sou insistentemente convidado pela mídia para dar minha opinião. Não aceito 90% deles [dos convites] e quando falo procuro evitar ataques”, retrucou o ex-presidente da estatal. “No meu celular corporativo tinha mensagens e áudios que poderiam incriminá-lo. Fiz questão de devolver intacto para a Petrobras”, concluiu Castello Branco.
Golpismo
E o presidente voltou a dar declarações golpistas e contestatórias do processo eleitoral brasileiro neste domingo (26). Em entrevista ao programa 4x4, o capitão reformado disse que uma hora “vai chegar um ponto final” às “interferências” do Supremo Tribunal Federal (STF). "Uma hora vai acontecer uma tragédia que a gente não quer. Não estamos dando recado, aviso, todo mundo sabe o que está acontecendo", afirmou.
Ele também disse que há indícios de que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) irá realizar as eleições deste ano somente para “cumprir tabela". "É o que deixam transparecer. Em vez de ajudarem a dissipar a nuvem de suspeição que existe na cabeça de muita gente, muito pelo contrário, tornam concreta essa possibilidade da maneira como agem" afirmou.
Campanha de Lula reforça segurança
A despeito da resistência de Lula, o comando da pré-campanha do ex-presidente reforçou a estrutura de segurança para eventos fechados com o petista. As novas diretrizes foram inauguradas em um jantar de Lula e Geraldo Alckmin, neste domingo (26), com cerca de 200 convidados.
Foram instaladas duas estruturas para detecção de metal e realizado um reforço na equipe de segurança. Os convidados também receberam um código nos celulares, sem o qual não era possível participar do evento, além da checagem na lista de convidados. Os organizadores também retiveram os celulares.
Para grandes eventos, os participantes já devem ser previamente cadastros pelos partidos. A entrada é submetida à passagem pelo detector de metais e por filas separadas para lugares de acesso distintos a depender de qual organização cada participante faz parte.
As medidas foram reforçadas depois de alguns incidentes envolvendo a presença de Lula nos eventos de pré-campanha. Em 21 de junho, durante ato de lançamento das diretrizes do programa de governo da chapa Lula-Alckmin, o petista foi interrompido pelo protesto de três bolsonaristas que haviam driblado o esquema de segurança. O trio foi credenciado no evento com acesso ao salão onde estava o petista.
Carro de vereador é alvo de tiros
O carro do vereador do Rio de Janeiro Luciano Vieira (Avante) foi atingido por dois tiros, na noite do último sábado (25). No veículo estavam o parlamentar e um assessor, que não chegaram a ser feridos.
Segundo o assessor, dois homens em uma motocicleta dispararam quatro tiros em direção ao veículo, nas imediações da Avenida Brasil, no bairro Barros Filho, zona norte da capital fluminense. Dois atingiram o vidro do carro blindado.
Vieira seguia em direção à zona oeste do município depois de cumprir um compromisso em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Um boletim de ocorrência foi registrado na 39ª Delegacia de Polícia do Rio, no bairro da Pavuna, na zona norte.
“Estive na delegacia para fazer o registro de ocorrência e agora a Polícia Civil irá investigar o caso. Obrigado a todos que me enviaram mensagem e me ligaram dando uma palavra de apoio”, disse o vereador em sua página do Facebook.
Edição: Nicolau Soares