O preço da gasolina e do diesel em postos de combustíveis do país acumulam no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) uma alta semelhante à registrada durante os mais de 13 anos em que membros do Partido dos Trabalhadores (PT) presidiram o país.
De janeiro de 2019 –quando Bolsonaro assumiu à Presidência– a junho de 2022, a gasolina já subiu 69%, de acordo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) tabulados pelo Observatório Social do Petróleo (OSP).
Já de janeiro de 2003 –quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tomou posse– a maio de 2016 –mês em que a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) foi afastada por conta do processo de impeachment–, o mesmo combustível subiu 72%.
No caso do óleo diesel, em mais de 13 anos de governos do PT, houve aumento de quase 98%. Em três anos e meio do governo Bolsonaro, o aumento foi de 100%.
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O botijão de gás e o etanol acumularam altas respectivamente de 83% e 78% durante os governos de Lula e Dilma. No governo Bolsonaro, já subiram 62% e 76%.
A Petrobras, principal fornecedora de derivados de petróleo no país, argumenta que os aumentos recentes têm relação com a guerra entre Rússia e Ucrânia, que elevou o preço do barril de petróleo a mais de 100 dólares. Em 2008, durante o segundo mandato de Lula, o mesmo barril custou mais de 140 dólares. Nesse mandato, a gasolina subiu 3,5% e o diesel, 7%.
Os aumentos acumulados durante a gestão Bolsonaro já viraram um problema para o governo. Buscando a reeleição, o presidente tem defendido redução de impostos sobre os combustíveis, ainda que isso possa prejudicar políticas de saúde e educação, e tem criticado veementemente chefes da Petrobras nomeados por ele mesmo.
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Na sexta-feira passada (17), após a estatal anunciar reajustes da gasolina e do diesel, Bolsonaro defendeu a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a chefia da Petrobras.
Seu governo, entretanto, ainda não tomou qualquer atitude para alterar a política de preços da Petrobras, apontada como a grande causadora dos aumentos dos combustíveis.
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Preços dolarizados
Criada em 2016, no governo de Michel Temer (MDB), essa política atrela o valor dos derivados de petróleo vendidos pela Petrobras ao custo desses produtos no mercado internacional. Dessa forma, a Petrobras vende no Brasil combustíveis com o chamado preço de paridade de importação (PPI).
Sob essa política, a Petrobras tem acumulado lucros recordes e os distribuídos a acionistas, a maior parte deles estrangeiros. Bancos têm elogiado o comportamento. A equipe econômica de Bolsonaro, alinhada com o mercado financeiro, é contra intervir nos preços da estatal.
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Desde que Temer tomou posse, em maio de 2016, a gasolina em postos do país subiu mais de 94%; o diesel aumentou 128% e o botijão de gás, 109%.
“O PPI é o responsável pelo aumento de preços dos combustíveis no Brasil porque ele transmite os preços internacionais e o dólar aos preços locais, mas sem necessidade”, explicou o economista Eric Gil Dantas, do OSP. “O Brasil é nono maior produtor de petróleo e gás do mundo. Ele tem um grande parque de refino que dá conta da maior parte de sua demanda.”
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Segundo Dantas, por meio do PPI, o brasileiro paga pela gasolina um preço como se toda gasolina consumida no país fosse importada. Segundo ele, a Petrobras poderia calcular seus preços usando uma proporção do que é importado –menos de 20%- e ainda seria lucrativa.
“O problema não é a Petrobras. O problema é a gestão da Petrobras no governo Bolsonaro, quando a companhia deixou de ter função social para se render aos interesses exclusivos do mercado e acionistas, voltados para geração de lucros e dividendos, garantidos pelo PPI”, disse Deyvid Bacelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP).
Etanol sobe junto
Praticamente monopolista, a Petrobras determina os preços dos combustíveis no país. Segundo Dantas, até o preço do etanol, que não é um derivado de petróleo, acaba impactado pela estatal.
“O etanol se movimenta junto com a gasolina”, explicou. “Cerca de 95% da variação do preço do etanol hidratado é explicado pela variação da gasolina."
Edição: Rodrigo Durão Coelho