Apoiador fiel de Jair Bolsonaro (PL), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), foi ao Twitter nesta sexta-feira (17) para pedir a renúncia do presidente da Petrobras, José Mauro Ferreira Coelho, horas depois de a estatal anunciar um novo reajuste no preço dos combustíveis.
“O presidente da Petrobras tem que renunciar imediatamente”, escreveu ele, no twitter. “Saia!!! Pois sua gestão é um ato de terrorismo corporativo.”
O presidente da Petrobras tem que renunciar imediatamente. Não por vontade pessoal minha, mas porque não representa o acionista majoritário da empresa - o Brasil - e, pior, trabalha sistematicamente contra o povo brasileiro na pior crise do país.
— Arthur Lira (@ArthurLira_) June 17, 2022
A Petrobras vai reajustar em 5,1% o preço da gasolina vendida em suas refinarias a distribuidoras de combustível. A estatal também informou que o preço do diesel subirá 14,2%. O aumento vale a partir de sábado (18). Só em 2022, a gasolina vendida pela Petrobras acumula alta de 31%. Já o diesel, 68% de aumento.
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O reajuste desta sexta foi discutido numa reunião emergencial do conselho de administração da estatal realizada na quinta-feira (16). O governo federal, sócio-controlador da Petrobras, tem seis dos 11 membros do conselho – ou seja, a maioria.
Foi o próprio governo, do qual Lira é aliado, quem colocou José Mauro Ferreira Coelho na presidência da Petrobras. Ele assumiu o cargo há dois meses, depois que o general Joaquim Silva e Luna foi demitido por Bolsonaro. Em seu discurso de posse, Coelho agradeceu a Bolsonaro. Prometeu manter a atual política de preços da Petrobras, apontada como causadora dos aumentos.
A política atrela os preços dos combustíveis vendidos pela estatal ao valor dos produtos vendidos no mercado internacional. Após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, houve aumento principalmente do diesel no exterior. A Petrobras seguiu esses preços.
Análise | O preço do combustível poderia ser mais barato?
Apesar de não ter agido efetivamente para conter a nova alta, Bolsonaro foi ao Twitter nesta manhã se dizer contra o reajuste de preços da Petrobras. Antes mesmo do aumento ser oficialmente anunciado, Bolsonaro escreveu que ele poderia “mergulhar o Brasil num caos”.
- O Governo Federal como acionista é contra qualquer reajuste nos combustíveis, não só pelo exagerado lucro da Petrobrás em plena crise mundial, bem como pelo interesse público previsto na Lei das Estatais.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) June 17, 2022
Novos valores
Com o reajuste, o preço médio de venda da gasolina vendida pela Petrobras às distribuidoras passará de R$ 3,86 para R$ 4,06 por litro. Vale lembrar que esse não é o preço final que os consumidores encontram nas bombas. No início do ano, a gasolina vendida pela Petrobras custava R$ 3,09 por litro em refinarias.
Considerando que a gasolina vendida em postos de combustível vem misturada com 27% de etanol, a Petrobras estima que o combustível suba R$ 0,15 por litro ao consumidor final.
Para o diesel, o preço médio de venda da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro. Considerando que o diesel nos postos tem 10% de biodiesel, a Petrobras estima um aumento R$ 0,63 por litro nos postos. O diesel vendido em refinarias da Petrobras iniciou o ano com preço de R$ 3,34 por litro.
Desta vez, a Petrobras não reajustou o preço do gás de cozinha.
ICMS era o problema?
O reajuste da Petrobras acontece dias depois de o Congresso Nacional aprovar um projeto de lei para limitação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o combustível. O projeto, que aguarda sanção do presidente Bolsonaro, estabelece que estados podem cobrar uma alíquota máxima de 17% de imposto sobre gasolina e diesel, por exemplo. Hoje, há estados que cobram até 30%.
:: Câmara aprova limite do ICMS sobre combustível; projeto vai à sanção ::
A redução do imposto era uma aposta de Bolsonaro para redução do preço da gasolina durante o período eleitoral. O reajuste da Petrobras, principalmente no caso do diesel, tende a anular qualquer efeito prático dessa nova lei.
Edição: Felipe Mendes