A Petrobras anunciou nesta sexta-feira (17) que vai reajustar em 5,1% o preço da gasolina vendida em suas refinarias a distribuidoras de combustível. A estatal também informou que o preço do diesel subirá 14,2%. O aumento vale a partir de sábado (18).
Só em 2022, a gasolina vendida pela Petrobras acumula alta de 31%. Já o diesel, 68% de aumento.
Segundo a estatal, os aumentos estão relacionados aos impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia no valor do barril do petróleo.
O reajuste desta sexta foi discutido numa reunião emergencial do conselho de administração da estatal realizada na quinta-feira (16). O governo federal, sócio-controlador da Petrobras, tem seis dos 11 membros do conselho.
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Apesar disso, nesta manhã, o presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou ser "contra qualquer reajuste nos combustíveis" em postagem no twitter. "Não só pelo exagerado lucro da Petrobras em plena crise mundial, bem como pelo interesse público previsto na Lei das Estatais", complementou Bolsonaro.
Segundo Bolsonaro, esse aumento "pode mergulhar o Brasil num caos". "Seus presidente [da Petrobras], diretores e conselheiros bem sabem do que aconteceu com a greve dos caminhoneiros em 2018, e as consequências nefastas para a economia do Brasil e a vida do nosso povo", declarou o presidente.
- O Governo Federal como acionista é contra qualquer reajuste nos combustíveis, não só pelo exagerado lucro da Petrobrás em plena crise mundial, bem como pelo interesse público previsto na Lei das Estatais.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) June 17, 2022
Novos valores
Com o reajuste, o preço médio de venda da gasolina vendida pela Petrobras às distribuidoras passará de R$ 3,86 para R$ 4,06 por litro. Considerando que a gasolina vendida em postos de combustível vem misturada com 27% de etanol, a Petrobras estima que o combustível suba R$ 0,15 por litro ao consumidor final.
No início do ano, a gasolina vendida pela Petrobras custava R$ 3,09 por litro em refinarias.
Para o diesel, o preço médio de venda da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro. Considerando que o diesel nos postos tem 10% de biodiesel, a Petrobras estima um aumento R$ 0,63 por litro nos postos.
O diesel vendido em refinarias da Petrobras iniciou o ano com preço de R$ 3,34 por litro.
Desta vez, a Petrobras não reajustou o preço do gás de cozinha.
Compromisso com mercado
Em comunicado divulgado nesta manhã, a Petrobras informou que os reajustes ratificam o compromisso da empresa com "a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado". Os tais preços competitivos mencionados pela Petrobras são aqueles definidos por meio do Preço de Paridade Internacional (PPI), o qual atrela os valores cobrados pela petroleira com os preços dos combustíveis no mercado internacional.
Essa política de preços foi estabelecida pela Petrobras em 2016, após o golpe que derrubou a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT). Desde então, a estatal tem registrado lucros recordes.
Foram R$ 106 bilhões em lucro líquido, já descontados os impostos em 2021 – alta de 1.400% em relação a 2020. Mais R$ 44 bilhões no primeiro semestre deste ano.
De acordo com a própria Petrobras, mais de 44% dos acionistas da empresa não são brasileiros. Os investidores brasileiros detém cerca de 19% do capital da empresa. O governo controla outros 37% das ações.
ICMS era o problema?
O reajuste da Petrobras acontece dias depois de o Congresso Nacional aprovar um projeto de lei para limitação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o combustível. O projeto, que aguarda sanção do presidente Bolsonaro, estabelece que estados podem cobrar uma alíquota máxima de 17% de imposto sobre gasolina e diesel, por exemplo. Hoje, há estados que cobram até 30%.
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A redução do imposto era uma aposta de Bolsonaro para redução do preço da gasolina durante o período eleitoral. O reajuste da Petrobras, principalmente no caso do diesel, tende a anular qualquer efeito prático dessa nova lei.
Edição: Nicolau Soares