O presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), Leonidas Iza Salazar foi solto após passar 24 horas detido de maneira irregular. A juíza Paola Bedón determinou que a detenção foi ilegal por não apresentar acusações prévias, nem mandado de prisão. Agora o líder indígena está proibido de deixar o país e deverá apresentar-se todas as quartas e sextas-feiras enquanto tramita o processo.
Salazar foi detido por volta da 1h da manhã da terça-feira (14), na cidade de San Juan de Pastocalle, a cerca de 90 quilômetros de Quito, quando participava de um bloqueio da rodovia Panamericana, que conecta o norte ao sul do país. Ele foi acusado acusado de supostos delitos de rebelião e paralisação do serviço público.
A juíza manteve a segunda acusação, de paralisação do serviço público, que pode gerar pena de até três anos de prisão.
"Aqui ninguém saiu a desafiar a lei. Saímos, porque a fome e a injustiça tomaram nossos lares. A lei desafiou a fome, por isso ocupamos as ruas", disse Iza após ser liberado.
#ATENCION
— CONAIE (@CONAIE_Ecuador) June 15, 2022
Momento en que @LeonidasIzaSal1 sale en libertad luego de permanecer 24 horas detenido ilegalmente. Es recibido por familiares, amigos y más compañeros, posteriormente acudirá con las bases indígenas y dará declaraciones. pic.twitter.com/eQo5fkIdVr
Durante o dia de greve geral, a Confederação Indígena promoveu cerca de 20 bloqueios de estradas e rodovias em 11 regiões do país.
Após a detenção de Leonidas Iza, a Conaie convocou manifestações em frente à sede do Ministério Público (MP) na província de Cotopaxi. Os atos foram reprimidos pela polícia e terminaram com dezenas de feridos.
#ATENCION
— CONAIE (@CONAIE_Ecuador) June 14, 2022
Más heridos producto de impacto de bombas lacrimógenas en rostro y extremidades, la represión en los exteriores del CRS Cotopaxi sigue. pic.twitter.com/0nDDVHba1V
A defesa reitera que todo processo de detenção foi arbitrário, denunciando que mais de 16 horas depois os advogados não sabiam do paradeiro de Iza e não haviam recebido os autos do processo para solicitar uma audiência. O advogado Carlos Poveda ainda denunciou que o pedido de habeas corpus foi negado enquanto Iza permaneceu detido numa base aérea militar.
"Lamentamos que essas ações foram previamente anunciadas pelo Executivo e o MP se descola das suas responsabilidades, o que confirma que essa detenção é arbitrária, ilegítima e abusiva", disse.
O presidente Guillermo Lasso publicou um vídeo em suas redes sociais algumas horas após a dentenção do presidente da Conaie, acusando-o de ser autor intelectual de "atos de vandalismo".
Durante a tarde de terça-feira (14), Lasso voltou a se pronunciar publicamente, afirmando que iria enfrentar Iza "com todo o poder do Estado para que termine no cárcere. Não temos outra alternativa".
Edição: Felipe Mendes