O presidente do Equador, Guillermo Lasso, decretou estado de exceção por 60 dias em três províncias costeiras do país, onde se registram grandes níveis de violência causada pelo narcotráfico, que já levou a centenas de crimes e a massacres em prisões.
"Declarei estado de exceção nas províncias de Guayas, Manabí e Esmeraldas, a partir da meia-noite de hoje [horário local]", afirmou o presidente na noite desta sexta-feira (29/04), em discurso transmitido pela imprensa estatal.
Lasso prometeu que o governo levará "o combate aos criminosos até o mesmo território onde eles tentam se esconder com suas mercadorias", e afirmou que "as ruas sentirão o peso da força pública".
Segundo o presidente, no âmbito do estado de emergência foi ordenada a mobilização de 4 mil policiais e 5 mil militares nessas províncias. Em algumas localidades desses territórios, como na cidade de Durán, também haverá um toque de recolher entre as 23h e as 5h (horário local).
A decisão ocorre em meio à crescente violência vivida no litoral do Equador devido a grupos criminosos focados principalmente no tráfico de drogas, alguns inclusive com vínculos com cartéis do México e da Colômbia, segundo autoridades equatorianas.
Cenas de violência como a aparição de pessoas decapitadas e assassinatos de sicários se tornaram cada vez mais frequentes nessas regiões, principalmente nos arredores de Guayaquil, capital de Guayas, cujo porto é utilizado como trampolim para a cocaína produzida em países como Colômbia e Peru.
Em Durán, vizinha ao porto de Guayaquil, descobriu-se em fevereiro dois corpos suspensos em uma ponte de pedestres, um crime que chocou o Equador e que remete aos cometidos pelos cartéis mexicanos.
O país sul-americano viu suas taxas de criminalidade crescerem, contando ao menos 1.255 mortos nos primeiros quatro meses do ano, segundo dados oficiais. Cerca de 440 crimes ocorreram em Guayaquil e Durán.
Desde fevereiro de 2021, o Equador também registrou uma série de massacres entre prisioneiros que integram grupos rivais ligados ao narcotráfico, com ao menos 350 mortes.
Mudanças no governo
A declaração de Lasso contra o crime organizado chega após a recente criação do Ministério do Interior, que antes estava imerso dentro do Ministério de Governo, e logo após a mudança do ministro da Defesa, com a entrada do general reformado Luis Lara, ex-chefe do Comando Conjunto das Forças Armadas.