Nesta sexta-feira (29), centrais sindicais e movimentos populares realizam atos em Bogotá e nas principais cidades da Colômbia para celebrar um ano da maior greve geral da história do país. Algumas manifestações iniciaram na noite de quinta (28) e também denunciaram o estado de "emergência humanitária" pela violência desatada no país.
De acordo com o Instituto de Desenvolvimento da Paz (Indepaz), somente em 2022 foram registrados 36 massacres com 66 vítimas, entre ex-guerrilheiros e líderes sociais.
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A Organização das Nações Unidas (ONU) condenou a repressão da greve geral de 2021, que terminou com um saldo de 80 homicídios, 4.285 casos de violência policial, 81 vítimas de lesão ocular por disparos da polícia e 379 pessoas desaparecidas, segundo levantamento de organizações de direitos humanos.
"Exigimos que o governo cumpra todos os acordos assinados em distintas comunidades colombianas. Não há uma polítca efetiva de proteção aos líderes sociais. Desde a assinatura dos Acordos de Paz, há mais de mil líderes sociais assassinados e nenhum esclarecimento do Ministério Público, todos os casos permanecem impunes", afirma, em entrevista ao Brasil de Fato, Marylen Serna Salinas, da direção nacional do Congreso de los Pueblos.
No dia 28 de abril de 2021, centrais sindicais, movimentos populares e organizações estudantis convocaram uma manifestação nacional para repudiar as reformas universitária e tributária promovidas pelo presidente Iván Duque. Diante da repressão, os atos aumentaram e acabaram iniciando a maior greve geral da história do país, com manifestações e barricadas mantidas por mais de dois meses em diferentes regiões do território colombiano.
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"A ação simbiótica entre militares e paramilitares e operações de bandeira falsa contra organizações sociais nas regiões deixou um saldo de ao menos 22 líderes sociais assassinados até fevereiro de 2022", afirma a missão de paz da ONU em comunicado.
Os protestos na capital e nos estados de Cauca, Valle del Cauca, Norte de Santander e Córdoba caminharam até a Defensoria Pública para exigir respeito aos Acordos de Paz de 2016 e proteção às lideranças sociais.
Após o fim da greve geral, o governo se comprometeu a reformar as forças policiais e garantir o direito à livre manifestação.
"As manifestações tiveram um impacto positivo, pois fortaleceu a democracia, a participação e a expressão de muitos setores, principalmente os jovens, e permitiu aos movimentos populares uma maior articulação e trabalho conjunto", avalia Marylen Salinas.
Eleições gerais
Os protestos desta sexta-feira (29) também marcam a contagem regressiva de um mês para as eleições na Colômbia. Pela primeira vez na história, um candidato do campo progressista é favorito para ocupar a presidência.
Segundo as últimas pesquisas de opinião da empresa Invamer, a chapa do Pacto Histórico, com Gustavo Petro e Francia Márquez, possui 43,6% das intenções de voto, podendo disputar um eventual segundo turno contra a candidatura de Federico Gutiérres, da aliança de direita Equipe pela Colômbia, com 26,7% da preferência.
Em seguida estão o empresário Rodolfo Hernández, da Liga Anticorrupção, com 13,9% das intenções de voto, e Sergio Fajardo, da coalizão Centro Esperança, com 6,5%.
Edição: Thales Schmidt