Nesta quarta-feira (23), na Colômbia, a coalizão Pacto Histórico confirmou sua chapa presidencial com os candidatos Gustavo Petro e Francia Márquez. A dupla obteve a maior votação nas primárias realizadas no dia 13 de março. Segundo as últimas pesquisas de opinião, a chapa de unidade do campo progressista é favorita para vencer as eleições presidencias no dia 29 de maio, com cerca de 47% da preferência.
"Hoje chegamos num momento definitivo. Conquistamos um triunfo inegável. Milhões de colombianos e colombianas querem que o país mude e hoje são maioria", declarou Petro durante evento de anúncio da candidatura.
Além do anúncio da chapa presidencial, a dupla também ofereceu uma coletiva de imprensa a meios de comunicação locais.
"Tomamos essa decisão de forma coletiva, sabendo que representa a mudança que queremos para a Colômbia. Da exclusão à democracia, da violência à paz", afirmou Petro.
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Após polêmicas sobre a possibilidade de que a chapa fosse formada por um nome de fora do Pacto Histórico, buscando ampliar a coalizão, Petro respondeu dizendo que Francia "é a melhor candidata que tivemos nos últimos tempos na Colômbia".
Francia Márquez é advogada e líder ambiental, natural de Cauca, região do pacífico colombiano. Com mais de 786 mil votos, foi a terceira pré-candidata mais votada entre todas as opções de todas as chapas que realizaram primárias no dia 13 de março.
"A luta continua porque o desafio que temos é frear a crise ambiental. É com todos e todas que vamos gerar a mudança", assegurou Márquez.
Márquez também afirmou que irá trabalhar pela reparação dos direitos das comunidades quilombolas e afrodescendentes colombianas.
Em 2018, Francia Márquez ganhou o prêmio máximo de reconhecimento aos defensores da natureza, o Goldman Environmental Prize, e na época, também discursou em homenagem aos saberes ancestrais da sua comunidade.
"Na nossa comunidade, aprendemos que a dignidade não tem preço. A amar e valorizar o território como espaço de vida, e a lutar por ele, inclusive pondo em risco nossa própria vida", disse.
Polêmica nas eleições legislativas
Nesta quarta-feira, o diretor do Registro Civil Nacional da Colômbia também anunciou que voltaria atrás na sua decisão de pedir a recontagem dos votos das eleições legislativas.
Após uma série de denúncias de fraude e com uma diferença de 7% nos números oferecidos na pré-contagem e nos resultados finais do processo realizado no domingo (13), o diretor Alexander Vega havia solicitado a recontagem de todos os votos - uma demanda apresentada por distintas organizações políticas quando foram divulgados os primeiros resultados preliminares.
O próprio Gustavo Petro apresentou uma denúncia de que em 29 mil mesas eleitorais não haviam sido contabilizados votos para a chapa Pacto Histórico.
As observações foram levadas em conta e, nos resultados oficiais, a chapa de esquerda aumentou seu resultado em 390 mil votos, elegendo 19 ao invés de 16 senadores.
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Com a vitória expressiva da oposição, o partido governante Centro Democrático e o presidente Iván Duque mantiveram a pressão para que o resultado fosse revisto uma semana após a realização do processo eleitoral.
No entanto, as coalizões de esquerda e centro-esquerda denunciaram que recontar os votos, uma semana após o término das eleições e sem a presença dos fiscais de cada chapa, seria um golpe. A pressão fez o diretor do Registro Civil retroceder.
O Conselho Nacional Eleitoral agradeceu a posição de Alexander Vega. "Isso nos tira um peso das costas e dá garantias ao processo eleitoral", afirmou César Abreu, presidente do CNE colombiano.
Edição: Arturo Hartmann